Um grupo de empresários bolsonaristas defenderam um golpe em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano. A reportagem, divulgando conversas no WhatsApp, foi publicada pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles.

De acordo com a publicação, as declarações foram feitas em um grupo chamado ‘Empresários e Política’, criado no ano passado. Além da ventilada ideia de golpe, os empresários ainda atacaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os empresários na conversa estão Afrânio Barreira, do Coco Bambu; Luciano Hang, dono da Havan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3; José Isaac Peres, dono da Multiplan, que administra shoppings em todo o país; e Marco Aurélio Raimundo, conhecido como Morongo, dono da Mormaii.

Em uma das conversas, o empresário José Koury afirma que prefere uma “ruptura” do que o retorno de Lula ao governo e declara que o Brasil seguiria recebendo investimentos em caso de uma nova ditadura no comando do país.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu o dono do Barra World.

Morongo, dono da marca de roupas de surfe Mormaii, responde que golpe foi “soltar o presidiário”, se referindo ao ex-presidente Lula, e o STF “agir fora da constituição”. Outros presentes na conversa defenderam as mesmas ideias, inclusive que um golpe já deveria ter sido realizado.

Colocado como um dos mais extremistas, Morogon ainda sugeriu ações radicais para defender o presidente Bolsonaro, comparando o momento com guerras históricas ao redor do mundo.

“Se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis! A espécie humana SEMPRE foi muito violenta. Os ‘bonzinhos’ sempre foram dominados? É uma utopia pensar que sempre as coisas se resolvem ‘na boa’. Queremos todos a paz, a harmonia e mãos dadas num mesmo objetivo? Mas quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou vai valer pontapé no saco e dedo no olho”, afirmou.

Alexandre de Moraes, presidente do TSE e ministro do STF, foi alvo constante de ataques no grupo. Os empresários talvez tentaram desmerecer as urnas eletrônicas e o atual sistema eleitoral brasileiro, mesmo sem provas.

“O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação”, disse José Isaac Peres, da Multiplan, sem provar nada.