Morto com 10 tiros no Aeroporto de Guarulhos na sexta-feira, 8, o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach é ex-funcionário da Porte Engenharia e Urbanismo, uma das principais construtoras de São Paulo. Conhecida por grandes empreendimentos — como o Platina 220, prédio mais alto de São Paulo —, a empresa é alvo de investigações por seu suposto envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), incluindo a venda de imóveis que teriam sido adquiridos por membros da facção para lavagem de dinheiro e a ocultação de patrimônio.

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Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação da construtora foi impulsionada por uma delação premiada de Gritzbach, que afirmou ter intermediado a venda de diversos imóveis para integrantes do PCC, com pagamento em dinheiro em espécie e sem a identificação dos verdadeiros compradores.

Dentre os compradores citados estão figuras de destaque na facção, como Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, assassinado em 2021, e Cláudio Marques de Almeida, o “Django”, também morto em circunstâncias violentas. As aquisições incluiriam desde imóveis no Tatuapé até propriedades luxuosas na Riviera de São Lourenço, litoral de São Paulo.

Entenda a ligação entre Porte Engenharia e Urbanismo e Gritzbach

O empresário executado, que trabalhou na Porte entre 2014 e 2018 e chegou a ocupar cargos de confiança na área comercial, afirma que os altos executivos da empresa sabiam do perfil dos compradores e estariam cientes da estratégia de ocultação de propriedade. Em sua delação, ele apresentou documentos e trocas de mensagens que comprovariam pagamentos feitos em dinheiro vivo e apontam que, em alguns casos, o nome do proprietário foi mantido em sigilo. Além disso, ele mencionou a prática de superfaturamento em transações imobiliárias envolvendo a facção.

A Porte Engenharia, no entanto, nega envolvimento com atividades criminosas e afirma que cumpre rigorosamente as normas brasileiras. A empresa declarou que Gritzbach atuou como corretor até 2018 e que não manteve relações comerciais com ele após sua saída. A construtora também manifestou disposição para colaborar com as investigações. Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ressaltou que apura qualquer indício de irregularidade com rigor, especialmente em casos que envolvem policiais suspeitos de recebimento de propinas milionárias em conluio com a facção.

As investigações revelaram ainda que a suposta atuação de Gritzbach em esquemas de lavagem de dinheiro ultrapassa a Porte Engenharia. O empresário também seria dono de várias empresas de intermediação imobiliária, como a VMA, além de postos de gasolina e empreendimentos em criptomoedas. Ele foi executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo em 2024, enquanto estava jurado de morte pelo PCC.

Com esse cenário, as investigações seguem para esclarecer a extensão da relação da Porte Engenharia com o esquema e quais pessoas ou estruturas empresariais podem estar envolvidas.

O que diz a Porte Engenharia e Urbanismo

Ao “Estadão”, a empresa esclarece:

– Antônio Vinícius Lopes Gritzbach nunca foi diretor da Porte. Atuou na empresa como corretor de imóveis entre 2014 e 2018;

– A Porte não é investigada pelo Ministério Público;

– A Porte jamais tolerou qualquer atividade ilícita de qualquer colaborador e se dispôs a oferecer auxílio documental às autoridades competentes sobre as ações do ex-corretor no período em que atuou na empresa.

Execução em aeroporto

Conforme informações da Polícia Civil de São Paulo, Gritzbach foi alvejado por 10 tiros. O ataque ocorreu por volta das 16h, na área de desembarque do Terminal 2.

O empresário foi vítima de dois homens que desceram de um carro preto e efetuaram ao menos 29 disparos. Os suspeitos fugiram e ainda não foram encontrados. Segundo o boletim policial, o empresário ligado à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) foi atingido no braço direito com quatro tiros, no rosto, com dois, e nas costas, na perna esquerda, no tórax e no flanco direito, com um em cada.

A polícia apreendeu um fuzil e uma pistola a cerca de 7 km do aeroporto, próximo a onde o veículo usado para cometer o crime foi abandonado.