A empresa americana Intuitive Machines tentará nesta quinta-feira (22) se tornar a primeira companhia privada a pousar na Lua, após uma série de tentativas de suas concorrentes no setor.

A hora prevista do pouso foi adiada para as 23h24 GMT. Se a empresa, sediada no estado do Texas, conseguir realizar seu objetivo, será a primeira alunissagem de uma sonda americana desde o fim do programa Apollo, em 1972.

O módulo Nova-C, chamado Odysseus, que transporta experimentos científicos da Nasa, decolou da Flórida na semana passada.

O sistema de propulsão da nave, crucial para uma alunissagem bem-sucedida, já foi testado com sucesso no voo.

Na quarta-feira, Odysseus superou outra etapa importante: entrar em órbita lunar. A sonda “está agora em órbita lunar circular a 92 km” de altura sobre a superfície da Lua, anunciou a empresa na rede social X.

Odysseus permanecerá a essa distância por quase 24 horas antes de sua descida final, totalmente automatizada e que será transmitida ao vivo no site da agência espacial americana

Ao chegar a uma altura de 30 metros, o módulo se posicionará verticalmente a uma velocidade de três metros por segundo, antes de frear por um metro por segundo nos últimos 10 metros.

A Intuitive Machines espera poder confirmar o pouso cerca de 15 segundos depois que os seis pés da sonda tocarem o solo lunar.

Recentemente, o feito foi alcançado por Índia e Japão, que se tornaram o quarto e quinto países, respectivamente, a pousarem na Lua após a antiga União Soviética, Estados Unidos e China.

Mas os americanos, que pretendem enviar astronautas à Lua a partir de 2026, não o fazem há mais de 50 anos. Nenhuma das empresas privadas que tentaram (israelenses, japonesas ou americanas) foi bem-sucedida.

– Polo sul lunar –

O alvo da companhia texana está localizado a aproximadamente 300 km do polo sul lunar. As missões Apollo pousaram mais perto do equador.

O polo sul é de interesse especial porque contém água na forma de gelo, que poderia ser explorada. A cratera que servirá como local de pouso é chamada de Malapert A, em homenagem a um astrônomo do século XVII.

Com pouco mais de quatro metros de altura, o módulo Odysseus transporta seis cargas privadas (incluindo esculturas do artista contemporâneo Jeff Koons que representam as fases da Lua) e seis instrumentos científicos da Nasa.

Inclui ainda um sistema de câmeras desenvolvido pela Embry-Riddle Aeronautical University, que será ejetado 30 metros acima da superfície lunar para capturar o momento do pouso, bem como dispositivos localizados abaixo do módulo para analisar a quantidade de poeira levantada durante a descida, a fim de compará-la com as alunissagens do programa Apollo.

Outro instrumento estudará o plasma lunar (uma camada de gás carregada eletricamente) e medirá ondas de rádio procedentes do Sol e de outros planetas.

O módulo de classe Nova-C funcionará com painéis solares e previsão é que opere por sete dias a partir do momento de pouso.

– Reduzir custos –

O contrato firmado pela Nasa para esta missão privada foi de US$ 118 milhões (R$ 587 milhões, na cotação atual).

Esta é a segunda do novo programa CLPS da Nasa, que contratou empresas privadas para levarem o seu material científico à Lua. O objetivo é reduzir seus custos, mas continuar desenvolvendo a economia espacial.

Uma primeira missão, liderada pela Astrobotic, falhou no mês passado.

Pelo menos mais quatro missões americanas estão previstas para este ano, incluindo mais duas da Intuitive Machines.

Segundo a Nasa, estes projetos servem de preparação para o seu objetivo de levar astronautas novamente à Lua através de seu emblemático programa Artemis.

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