SÃO PAULO, 22 SET (ANSA) – Com mais de 300 anos de história, a companhia italiana de materiais de construção Fassa Bortolo iniciou recentemente um novo desafio em sua longa trajetória: tornar-se uma das maiores empresas do setor no Brasil.   

Após ter inaugurado em julho uma fábrica em Matozinhos (MG), a 50 quilômetros de Belo Horizonte, a Fassa Bartolo já começou a faturar suas primeiras vendas no país no fim de agosto e fechou um contrato de fornecimento com uma das maiores obras de construção civil em andamento em Minas Gerais, a Arena MRV, futuro estádio do Atlético Mineiro.   

“A Fassa chega aqui para liderar o mercado ou para ser uma das maiores empresas de materiais de construção”, diz, em entrevista à ANSA, o representante do grupo italiano no Brasil, Ivan Aliberti.   

Fundada em 1710, a companhia tem hoje 18 fábricas na Itália e em Portugal, mas a unidade de Matozinhos representa sua primeira incursão fora da Europa.   

De acordo com Aliberti, o projeto da fábrica no Brasil começou ainda em 2015, e a escolha recaiu sobre Minas Gerais devido à grande quantidade de calcário de alta qualidade – matéria-prima para seus produtos – e aos incentivos institucionais no estado.   

“No final, escolhemos Matozinhos, inclusive porque fizemos um acordo para receber o terreno como doação em troca de [investimentos em] infraestrutura”, conta o executivo.   

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A crise econômica, no entanto, acabou adiando o investimento na unidade produtiva, que só começaria em outubro de 2019, culminando com a inauguração em julho passado. O aporte total foi de R$ 150 milhões, e a unidade pode produzir até 300 mil toneladas por ano.   

“O Brasil é um país onde o setor de construção cresce muito, apesar de qualquer crise econômica, política ou pandêmica. Pode ser um crescimento não tão estável, mas sempre vai existir. É um país fértil para investimentos”, explica Aliberti.   

Além disso, a Fassa Bortolo diz que chega ao Brasil para aumentar a qualidade das construções: a empresa vai vender argamassas e rejuntes, mas também um sistema completo de aplicação dos produtos.   

“Estamos trazendo um equipamento que permite a aplicação mais produtiva, gastando menos tempo e menos energia que qualquer outra metodologia de aplicação”, afirma Aliberti.   

Ao invés de entregar o produto em sacos, a empresa também pode instalar nos canteiros silos especiais e um equipamento que permite o bombeamento vertical da argamassa e seu posterior jateamento sobre superfícies. Segundo a companhia, isso diminui o número de entregas, elimina o descarte das embalagens, preserva o produto, acelera a aplicação e minimiza o desperdício.   

Planos e instabilidade – A Fassa Bortolo desembarca no Brasil em um momento de grande instabilidade política e econômica, mas acredita que o setor de construção civil não será prejudicado.   

“A construção para somente com um default total do país. Sabemos que o Brasil vive algum problema de caráter político, mas, de uma forma ou de outra, sempre se precisa de casas, prédios, infraestrutura”, ressalta Aliberti, acrescentando que a empresa não busca retorno de curto prazo.   

“É uma entrada de longo prazo. Escolhemos o Brasil porque, no futuro próximo, a intenção é expandir para outros mercados na América Latina”, diz. Inicialmente, no entanto, as vendas ficarão restritas a Minas Gerais e a algumas áreas do Rio de Janeiro próximas à divisa.   

Segundo o executivo, uma fábrica desse tipo precisa operar em um raio de 400 a 500 quilômetros, dependendo dos custos de transporte, para se manter competitiva. Mas a empresa já tem planos para possíveis unidades em outras regiões e até para ampliar a gama de produtos.   

“Na Itália, somos muito fortes em tintas, que por enquanto ainda não estão [no Brasil], mas nossa fábrica já está preparada para receber outras linhas de produção”, explica Aliberti.   

O primeiro grande negócio da Fassa Bortolo no Brasil é com a Arena MRV, futuro estádio do Atlético Mineiro que está sendo construído em Belo Horizonte – o grupo italiano inclusive batiza o centro de experiências da obra.   


Além de um fornecimento robusto (3 mil toneladas de produtos até dezembro), o projeto garantirá à Fassa Bortolo visibilidade logo no início de sua trajetória no Brasil e uma oportunidade para o mercado ver suas soluções em ação.   

“Foram seis meses de tratativas pesadas. Os construtores pediram até para testar alguns produtos antes de fechar a parceria, apesar de termos todos os certificados. Mas o acordo foi muito importante porque vamos rapidamente mostrar ao mercado nossa qualidade”, diz Aliberti. (ANSA).   


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