A candidata à Prefeitura de Santos Rosana Valle (PL) é citada em mensagens sobre um suposto favorecimento a empresários do setor ambiental caso se eleja prefeita de Santos. A informação foi confirmada pelo site IstoÉ com fontes ligadas ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). Em nota, a assessoria jurídica de Rosana classificou a informação como “fake news” e ressaltou que a deputada não tem ligação com os empresários.
A conversa foi encontrada pelos investigadores no celular de um dos donos da PGV Terraplanagem, empresa especializada em mineração e gestão de resíduos sólidos. De acordo com as investigações da Polícia Civil, os empresários acreditam que a vitória da deputada poderia favorecer o acesso à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Em uma mensagem enviada em abril deste ano, Rafael Braz escreveu para Paulo Guerra Vieira um texto pedindo apoio à parlamentar. “Temos que eleger a Rosana, em Santos”, disse Braz na mensagem.
Em outra conversa, Braz e Vieira citam o deputado estadual Tenente Matheus Coimbra (PL-SP), que coordena a campanha de Rosana à prefeitura de Santos. No texto, eles pedem para cobrar o chefe de gabinete de Coimbra sobre o apoio do parlamentar.
Na avaliação dos investigadores, os empresários acreditam que uma eventual vitória de Rosana Valle lhes daria melhor trânsito na Cetesb, inibindo fiscalizações rigorosas e facilitando a emissão de licenças para as operações da empresa.
A PGV é investigada em um inquérito sobre crimes ambientais e liberação irregular de licenças pela Cetesb. Além dela, a FortNort e outras empresas também são alvos do processo.
Em uma mensagem encontrada no celular de um dos donos, Braz aponta a preocupação com a falta de licença para a operação de resíduos sólidos. “Temos que fazer direito, caracterizar a mineração em área irregular sem licença ANM e Cetesb”, afirma a mensagem, que trata da licença da Agência Nacional de Mineração.
A Polícia Civil ainda apura um suposto esquema de corrupção e favorecimento em licitações para beneficiar a PGV e empresas parceiras. Em setembro, os investigadores realizaram uma operação na qual apreenderam computadores, celulares e documentos dos empresários. Há suspeitas de participação de funcionários da Cetesb no caso.
Em nota, Rosana Valle negou envolvimento com os empresários e afirmou não ter ligação com a investigação em curso pela Polícia Civil. Ela ressaltou não ter enviado as mensagens, classificou a reportagem como “fake news” e disse que a informação é uma perseguição em período eleitoral (leia a nota completa abaixo).
A PGV e a FortNort também foram acionadas, mas ninguém atendeu aos telefonemas. A equipe ainda tentou falar com Tenente Coimbra, citado na reportagem, mas não houve retorno.
Leia a nota da Rosana Valle
“Sobre o suposto favorecimento apontado pela Reportagem, infelizmente e lamentavelmente, trata-se de mais uma fake news plantado em época de eleição – e o pior, mentira requentada, sendo essa mais uma perseguição política, mais uma investida contra a deputada federal e candidata a prefeita de Santos-SP pelo PL, Rosana Valle.
Cabe esclarecer que as supostas mensagens não constam no processo em tela, assim como não há qualquer citação direta do nome de Rosana Valle nos autos. A parlamentar e candidata à majoritária é ficha limpa; não é condenada e nem investigada. Tem passado limpo, o que deve incomodar desafetos e adversários.
Não menos importante: Rosana não é autora das supostas mensagens. A autoria é de terceiros e, mesmo assim, não se tem comprovação de autenticidade das mesmas.
O que ocorre, de fato, é que a PGV Terraplanagem, investigada por crime ambiental, tem contrato milionário com a Prefeitura de Santos. De 2014 a 2024, entre os mandatos do atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), e de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), a empresa recebeu cerca de R$ 21,1 milhões dos cofres municipais. Deste montante, R$ 12,6 milhões foram pagos a PGV somente na atual gestão.
Desta forma, caso exista alguma suspeição quanto à atuação da empresa em território santista, este fato precisa ser apurado com a Prefeitura de Santos e não com a candidata e deputada federal Rosana Valle. O Paço Municipal, pelo visto, é quem deve explicações“.