A empresa FW Comunicação do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, mantém contrato com a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, dono da Record TV. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, a remuneração contratual à igreja aumentou em 36% um mês após o secretário assumir o cargo no governo Bolsonaro.

O aumento foi feito por meio de um aditivo pactuado entre as duas partes. A Record é uma das emissoras que passaram a receber percentuais maiores da verba publicitária da Secom, assim como outras TVs clientes da FW Comunicação.

De acordo com o jornal, em maio, um mês após Wajngarten ser nomeado, o montante repassado mensalmente pela igreja de Macedo à FW saltou de R$ 25,6 mil para R$ 35 mil. Os dados estão em uma planilha entregue pela defesa do secretário à Comissão de Ética Pública da Presidência.

À Folha, o advogado Fernando Fernandes, que defende Wajngarten, informou que os contratos dos serviços prestados pela empresa não foram “majorados em seus valores”. Fernando explicou que “eventuais variações de um ou outro contrato ocorreram em função de um maior acesso ao banco de dados, com ampliação de serviços, e quitação de inadimplência anterior”. O banco de dados fornece informações de veiculações de peças publicitárias nas emissoras de TV.

Na terça-feira (18), a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu que não vai investigar Wajngarten por suposto conflito de interesses entre seus negócios e sua atuação no governo. O caso foi arquivado por quatro votos a dois.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do Planalto, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) afirmou que “ficou comprovado” que não há conflito de interesses e que “nenhum grupo econômico do setor foi favorecido pelos atos administrativos do secretário de Comunicação”.

“Prevaleceu a verdade e o bom senso. Não há nada de aético ou ilegal na atuação do Secretário Fábio Wajngarten, à frente da Secretaria de Comunicação. A denúncia arquivada é um atestado de idoneidade a ele”, diz o texto.

Mesmo com o arquivamento na Comissão de Ética, Wajngarten continua sendo investigado pela Polícia Federal. O inquérito foi instaurado a pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília e tramita em sigilo. “O Secretário de Comunicação continua confiante de que em outros fóruns aonde as supostas denúncias são objeto de apuração, a conclusão será a mesma porque elas não encontram respaldo na realidade”, conclui a nota.