“Como vamos conseguir este ano? Não sei”: admite Jimmy Kimmel, apresentador do Emmy, premiação que, neste domingo (20), será realizada em formato virtual com câmeras transmitindo ao vivo de centenas de lugares do mundo, devido à pandemia.

Os Emmys serão um experimento perfeito rumo à temporada de premiações de 2021 de Hollywood, que já foi adiada por alguns meses.

Kimmel vai animar a cerimônia que premia o melhor da televisão americana de um gigantesco e praticamente vazio Staples Center, em Los Angeles.

No entorno do estádio, foram colocados avisos para a equipe de produção sobre o uso de máscaras e sobre se manter a distância, em função da covid-19. Na Califórnia, a doença deixou cerca de 15.000 mortos até agora.

Alguns apresentadores de categorias vão acompanhá-lo no palco – como H.E.R. que cantará no “In Memorian” -, mas serão minoria.

Equipes de filmagem estarão acompanhando 138 estrelas, em 114 locais diferentes em dez países: um desafio para essas cerimônias que são transmitidas ao vivo.

“Ninguém vai voltar para casa perdedor (…) todos já estarão em casa”, brincou Kimmel, em um dos anúncios para promoção do evento.

Sem tapete vermelho, a produção disse aos indicados: “Venham como quiserem, mas façam um esforço”, segundo carta publicada pela revista especializada “Variety”.

“Se você quiser usar roupa formal, adoraríamos, mas, da mesma forma, se você estiver no Reino Unido e forem 3 da manhã, você pode querer vestir um pijama de grife e fotografar da sua cama!”, acrescenta a carta.

Independentemente do resultado, a edição 2020 do Emmy será uma sacudida obrigatória e, para muitos, necessária, no formato das cerimônias de premiação. A cada ano, esses eventos perdem mais audiência.

“Mesmo que a noite de domingo acabe sendo um completo desastre, pelo menos será um desastre interessante. E realmente pouco mais se pode pedir em 2020”, disse a editora do Indiewire TV Awards, Libby Hill, à AFP.

– Racismo nos EUA –

Capturando o espírito de protesto deste ano, a minissérie da HBO “Watchmen” lidera a lista de indicações, com 26.

A assombrosa adaptação da história em quadrinhos aborda o racismo histórico da América, bem como a violência policial e até mesmo o uso de máscaras.

Em cerimônia pré-Emmy, que premia categorias técnicas, “Watchman” já ganhou sete estatuetas, entre fotografia, mixagem de som e figurino.

A série de Star Wars “The Mandelorian” também parte com sete Emmys nessas categorias técnicas – as primeiras para o novíssimo Disney+.

Das mais de 100 indicações para atuação neste ano, mais de um terço foi para atores negros, um novo recorde.

A noite também homenageará a carreira de Tyler Perry, o magnata negro do entretenimento que gerou maior diversidade em Hollywood e que, este ano, pagou as despesas do enterro de afro-americanos vítimas da violência policial, como George Floyd.

A expectativa é que a luta contra o racismo tenha um lugar de destaque nestes Emmys, assim como o legado da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg. Esta pioneira em direitos de gênero e um ícone progressista faleceu na sexta-feira (18), aos 87 anos.

Também é provável que muitos aproveitem o evento para pedir o voto contra Donald Trump nas eleições de 3 de novembro.