O emissário das Nações Unidas para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, chegou, nesta segunda-feira (4), a El Aaiún para consultas “com todas as partes envolvidas”, em sua primeira visita desde sua nomeação a esse território disputado, anunciou a ONU.

De Mistura “espera ansiosamente realizar visitas à região e ter reuniões que envolvam as partes interessadas antes da publicação do relatório do Secretário-Geral no Conselho de Segurança em outubro”, indicou a ONU em comunicado.

Esta visita tem como “perspectiva avançar de forma construtiva o processo político sobre o Saara Ocidental”, acrescentou a mesma fonte, sem dar detalhes sobre o programa do enviado da ONU ou sua duração.

A questão do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola considerada “território não autônomo” pela ONU, opõe há décadas Marrocos e os independentistas saarauis da Frente Polisário, apoiados pela Argélia.

O Marrocos, que controla cerca de 80% desse território, propõe um plano de autonomia sob sua soberania. A Frente Polisário exige um referendo de autodeterminação sob os auspícios da ONU, previsto no acordo de cessar-fogo assinado em 1991, que nunca se concretizou.

Nomeado em outubro de 2021, De Mistura visitou a região várias vezes para se encontrar com os diferentes atores do conflito, mas o processo político não foi retomado.

O Conselho de Segurança da ONU pediu no final de outubro de 2022 às “partes” do conflito que “retomem as negociações” para possibilitar uma solução “sustentável e aceitável”.

No entanto, a Argélia, que rompeu relações diplomáticas com Marrocos em 2021, se opõe à retomada das negociações em mesas redondas, como as organizadas na Suíça pelo anterior emissário da ONU, o ex-presidente alemão Horst Köhler, que renunciou em 2019 por não conseguir resultados efetivos.

A última mesa redonda ocorreu na primavera de 2019, na presença de Marrocos, da Frente Polisário, da Argélia e da Mauritânia.

O Conselho de Segurança da ONU deve votar uma resolução sobre a questão do Saara Ocidental em outubro.

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