O especialista independente das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos na República Centro-Africana acusou nesta segunda-feira o exército deste país e o seu aliado russo de cometerem abusos contra a população civil e funcionários eleitos.

“As forças do governo são responsáveis por prisões e detenções arbitrárias, violando o direito à vida e à integridade física e mental, bem como abusos nos controles de trânsito”, disse Yao Agbetse em comunicado após uma visita de dez dias ao país.

Além disso, acusou “as forças bilaterais russas, incluindo aquelas que colaboram com as forças armadas centro-africanas (…), de terem infligido tratamento cruel, desumano, humilhante e degradante à população civil”.

O especialista, que realiza esta missão para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, embora não fale em nome das Nações Unidas, chamou de “inaceitável” a “obstrução” das forças russas à sua investigação.

Após a partida da maioria dos militares franceses presentes na República Centro-Africana, a Rússia enviou “instrutores militares” em 2018 e dois anos depois centenas de paramilitares a pedido das autoridades deste país africano, desestabilizado por uma revolta interna.

Soldados russos, segundo Agbetse, foram acusados de sequestrar e executar civis e autoridades eleitas, especialmente na região de Mambéré-Kadéï (oeste), perto da fronteira com Camarões.

A seção de direitos humanos da missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA) estima que durante o último trimestre de 2022 houve pelo menos 483 violações de direitos humanos no país. 58% desses abusos foram cometidos pelo exército e seus aliados, enquanto os 42% restantes foram cometidos por grupos rebeldes.

apo/rjm/eb/mb/aa