ROMA, 6 DEZ (ANSA) – Na contramão do que deveria acontecer, as emissões de dióxido de carbono (CO2) devem aumentar neste ano, assim como aconteceu em 2017. O alarme foi lançado nesta quarta-feira (5) por três periódicos científicos diferentes, “Nature”, ” Earth System Science Data” e “Environmental Research Letters”, além de ter sido divulgado o relatório “Global Carbon Project” durante a Conferência do Clima da ONU (COP-24), realizada em Katowice, na Polônia.   

Caso as estimativas se confirmem, a quantidade de emissão bate novo recorde, após os três anos em que operou em queda (2014-2016).   

Segundo a universidade britânica da Ânglia Oriental, a queima de combustíveis fósseis em 2018 cresceu 2,7%, atingindo as 37,1 bilhões de toneladas. O resultado disso é que a concentração de CO2 na atmosfera sobe a 407 ppm (parte por milhão), contra 405 ppm registrado no ano passado. Esse valor equiavale a 45% acima dos níveis pré-industriais. Também a Agência Internacional para a Energia (IEA) espera um crescimento das emissões globais de CO2 para 2018, principalmente devido a um consumo de energia em crescimento e uma economia mundial que se expande em 2,7%. Um péssimo sinal, enquanto na conferência COP-24 os países da Organização das Nações Unidas buscam modos de aplicar o Acordo de Paris sobre o clima, a fim de evitar o aquecimento global e os danos consequentes.   

Para efetivar os objetivos do Acordo de Paris, segundo a IEA, o mundo deve cortar as emissões em 1% ao ano. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que atingir esses objetivos evitaria cerca de 1 milhão de mortes por ano devido a doenças ligadas ao aumento da temperatura.   

O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) calcula ainda que 163 áreas do Mediterrâneo, entre as quais alguns sítios declarados pela Unesco, como as italianas Cinque Terre, Laguna di Venezia e praias de Lipari, podem terminar imersas em água até o fim do século.   

No entanto, na própria COP-24, o pavilhão polaco, para o desconcerto de muitos delegados, exibia joias e cosméticos feitos com carvão, que fornece 80% da energia do país. Além disso, entre os patrocinados da Conferência da ONU sobre clima, os organizadores polacos colocaram o grande colosso nacional de carvão, a empresa JSW. (ANSA)