Funcionários do Instituto de Infectologia Emílio Ribas entregaram um abaixo-assinado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) denunciando falhas na continuidade do contrato terceirizado e falta de leitos. Eles também cobram a convocação de profissionais concursados e o fim das obras iniciadas em 2014.
Entregue na segunda-feira, 1º, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o documento é assinado pela Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Amiier), Associação dos Médicos Residentes do instituto, Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde) e por funcionários.
“Duas vezes neste ano houve bloqueio de leitos por falhas na continuidade do contrato terceirizado, reduzindo a capacidade de atendimento e comprometendo diretamente a segurança dos pacientes. Em outubro, a situação se agravou: pacientes com indicação de cuidados intensivos tiveram que ser transferidos ao Pronto-Socorro por falta de vagas na UTI, cenário incompatível com um hospital de alta complexidade”, denuncia o documento.
O abaixo-assinado aponta ainda a alta rotatividade dos funcionários terceirizados e diz que seis supervisores de enfermagem já passaram pelo hospital desde o início do contrato. “Não há como garantir cuidado especializado com equipes instáveis, sem vínculo e sem compromisso institucional”, diz o documento.
Em nota, a SES-SP afirma que o contrato com a empresa terceirizada está “sob rigorosa fiscalização” e que as obras devem ser concluídas no segundo semestre de 2027 (leia mais abaixo). A pasta não respondeu quando os funcionários concursados serão convocados.
Contratação de profissionais
“O Emílio Ribas é um hospital-chave desde o início da epidemia de HIV. Foi uma das primeiras unidades a internar pessoas que vivem com o vírus e, até hoje, mais de 70% dos pacientes internados têm diagnóstico de HIV”, ressalta Claudia Mello, infectologista e presidente da Amiier.
“Para um serviço como o do hospital, de alta complexidade, é essencial contar com profissionais especializados, enfermeiros fixos e acostumados a lidar com esse perfil de paciente. Tivemos sorte de não enfrentar nenhuma emergência recente, como uma nova covid ou um surto de sarampo”, acrescenta.
Ela explica que os trabalhadores reivindicam principalmente a contratação imediata de profissionais concursados, a substituição das equipes terceirizadas, um planejamento mais transparente para a abertura dos leitos já reformados, a conclusão definitiva da obra iniciada há 11 anos e a manutenção do hospital com equipes estáveis e qualificadas.
De acordo com a Amiier, um em cada três funcionários no atendimento direto do hospital é terceirizado. “De março de 2024 até agora, alguns enfermeiros e médicos (concursados) foram convocados, mas a nossa diretoria alega que esse número ainda é insuficiente para substituir a terceirizada”, diz Claudia.
Só três dos seis andares de enfermaria estão abertos, segundo a Amiier. Já na UTI, dez novos leitos estão previstos para 2026, mas sem garantia de profissionais concursados para operá-los.
O que diz a Secretaria de Estado da Saúde?
Em nota, a SES-SP afirma que as obras têm conclusão prevista para o segundo semestre de 2027.
O órgão acrescenta que “alguns leitos precisam ser remanejados para que as devidas adequações possam ser realizadas, não havendo qualquer bloqueio ou fechamento deles”.
A secretaria afirma ainda que todos os repasses aos funcionários terceirizados estão em dia e que o contrato está sob rigorosa fiscalização do hospital. “Por fim, o instituo planeja a ampliação do quadro de profissionais, sempre prezando pelo melhor atendimento e acolhimento aos pacientes.”