Em junho de 2019, Emílio Odebrecht doou quase R$ 92 milhões para três filhos, mas deixou Marcelo Odebrecht de fora. A doação aconteceu uma semana antes da empreiteira entrar em recuperação judicial.

Com o embate entre pai e filho que já dura mais de três anos, a quantia que seria reservada para Marcelo foi para um genro de Emílio, conforme apuração da colunista Bela Megale, do Jornal O Globo.

A medida é considerada por Marcelo como um artifício do pai para que ele não conquiste a independência financeira. Para pessoas próximas, o executivo diz que Emílio pretende deixá-lo dependente do dinheiro, com objetivo de frear os avanços em dua delação premiada.

A defesa de Marcelo alega que “Emílio, apenas sete dias antes do pedido de recuperação judicial, doou as quotas dessa sociedade holding(avaliadas em aproximadamente R$ 91,9 milhões, ou 55,8% de seu patrimônio declarado) para seus filhos (não para Marcelo, com quem está em pé de guerra) reservando a si o direito de usufruto”.

O destaque dos advogados fazem referência a sociedade da Boavista Participações e Investimentos Ltda, a qual passou a ter um capital de R$ 91,2 milhões depois de receber um aporte de centenas de obras de arte de Emílio.

Além disso, o filho acusa o pai de realizar um “blindagem patrimonial”, prejudicar os acordos de leniências da empresa na Lava-Jato e colocar em risco a existência da empreiteira.

Em contrapartida, o patriarca e sua defesa entendem que Marcelo colocou a partilha na petição como tática jurídica para dizer que está sendo “estrangulado financeiramente”.

Emílio de pronunciou por meio de nota e afirmou que a empresa tem uma “administração independente”, além dele não estar por trás das ações judiciais da Odebrecht contra Marcelo.

Leia a nota de Emílio na íntegra:

O Sr. Marcelo Odebrecht tem dado a entender em declarações à mídia que eu seria o grande responsável por iniciar os processos contra ele em função de disputas familiares. Isto não é verdade. Recentemente, a Odebrecht S.A. tomou a decisão institucional de iniciar medidas judiciais e arbitrais contra o Sr. Marcelo Odebrecht para reaver valores que a empresa entende terem sido ilegalmente pagos a ele. A empresa hoje tem administração independente que toma decisões de acordo com aquilo que, a seu ver, atende aos melhores interesses de suas atividades. Eu sequer tenho a prerrogativa de impedir o início de eventual ação judicial, contra quem quer que seja, cujo ajuizamento a administração da Odebrecht S.A. entenda ser necessário.A Odebrecht S.A., ainda, é hoje supervisionada por monitores externos brasileiros e norte-americanos, devendo prestar contas a eles sobre as medidas tomadas contra o Sr. Marcelo Odebrecht. Reforço, portanto, que as decisões já tomadas pela Odebrecht S.A. têm caráter institucional e o desfecho das disputas em curso contra o Sr. Marcelo Odebrecht não depende de minha vontade. Neste sentido, entendo que a Companhia deve ser procurada para os devidos esclarecimentos.