A região da Emília-Romanha vota neste domingo (26) em eleições regionais cruciais para a frágil coalizão que governa a Itália, uma vez que a vitória da extrema-direita neste reduto da esquerda pode derrubar o governo.

Os eleitores começaram a votar às 07h00 (03h00 de Brasília). A votação termina às 23H00.

Ao meio-dia, a participação era de 23,67% dos 3,5 milhões eleitores aptos para votar.

Nas últimas eleições regionais em 2014, dois terços dos eleitores se abstiveram.

A maioria governamental formada pelo Partido Democrata (PD, esquerda) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) afirmou que essas eleições não teriam impacto no governo, mas o chefe da Liga (extrema-direita), Matteo Salvini, avisou que, se o seu partido vencer na Emília-Romanha, exigirá eleições legislativas antecipadas.

A Liga lidera as pesquisas com 30% das intenções de voto.

A Emília-Romanha, uma região próspera do centro-norte da península, banhada pelo Adriático, é há muito tempo um reduto da esquerda, apesar do avanço da direita nos vilarejos e zonas rurais.

A candidata da extrema-direita, Lucia Borgonzoni, 43 anos, tem o apoio do ex-chefe de Governo Silvio Berlusconi, mas foi ofuscada por Matteo Salvini, que percorreu a região.

O líder direitista enfureceu a esquerda no sábado, quebrando o silêncio pré-eleitoral com um tuíte sobre o “aviso de despejo” que entregará ao governo se vencer.

No campo oposto, o presidente regional e candidato da esquerda Stefano Bonaccini fez campanha elogiando a gestão da região, com uma taxa de desemprego de 5,9% (contra 9,7% em todo o país) e um crescimento de 2,2% em 2018.

Bonaccini pode se beneficiar da dinâmica anti-salvinista gerada por um movimento juvenil nascido na região há dois meses e que se tornou um símbolo nacional do protesto contra a extrema-direita.

Alguns analistas acreditam, no entanto, que muitas empresas familiares e artesanais estão descontentes e se sentem marginalizadas pela globalização.

Outros consideram que a esquerda tradicional abandonou aqueles que antes defendiam ára satisfazer os interesses dos grandes bancos.

Pela primeira vez em sua história, a Liga triunfou na Emília-Romanha nas eleições europeias de maio, tornando-se o primeiro partido regional com quase 34% dos votos, em comparação com 31% do PD.

A maioria no poder na Itália – enfraquecida pelas divisões – teme eleições antecipadas que poderiam trazer Salvini de volta ao poder.

Mas uma vitória da Liga aumentaria as tensões e é provável que o PD censure o M5E por se recusar a apresentar um candidato único.

Especialistas acreditam que uma vitória da extrema-direita poderia acabar com o M5E, corroído por lutas internas e do qual 15 parlamentares saíram nas últimas semanas.

O chefe da formação, Luigi Di Maio, renunciou na quarta-feira para tentar evitar uma crise, mas observadores alertaram que isso pode não ser suficiente.

“Se o PD perder outro reduto regional, como ocorreu na Úmbria há três meses, poderá concluir que tem mais a perder se continuar sendo aliado de um M5E cada vez mais fraco do que arriscar novas eleições”, afirmou na sexta-feira o gabinete de consultoria Berenberg.