ROMA, 11 NOV (ANSA) – As emergências climáticas provocaram o deslocamento de cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo na última década, o equivalente a quase 70 mil pessoas por dia.
Os dados constam em um novo relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), publicado nesta terça-feira (11) por ocasião da COP30, conferência global sobre mudanças climáticas que começou ontem em Belém (PA), no Brasil.
De acordo com o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, os eventos climáticos extremos estão colocando milhões de pessoas em risco e estão “destruindo casas e meios de subsistência e forçando famílias ? muitas das quais já fugiram da violência ? a fugir novamente”.
O relatório cita exemplos recentes de desastres que agravaram a crise humanitária: inundações no Sudão do Sul e no Brasil, ondas de calor recorde no Quênia e no Paquistão, além da escassez de água no Chade e na Etiópia. Essas situações, afirma o ACNUR, estão levando comunidades já vulneráveis “à beira do colapso”.
O documento observa que essas populações estão sofrendo com inundações mais devastadoras, secas mais longas e ondas de calor mais intensas, sem os meios para se adaptar.
Além disso, revela que quase todos os campos de refugiados do mundo enfrentarão um aumento sem precedentes das temperaturas perigosas nas próximas décadas. Na África, três quartos das terras já estão degradadas, e mais da metade dos campos de refugiados se encontram em áreas sob forte pressão ambiental.
Na região do Sahel, o ACNUR destaca que a perda de meios de subsistência causada pelas mudanças climáticas tem levado algumas pessoas a se unirem a grupos armados, o que evidencia como o estresse ambiental pode intensificar ciclos de violência e deslocamento forçado.
As projeções são alarmantes: até 2050, os quinze campos de refugiados mais quentes do planeta ? localizados na Gâmbia, Eritreia, Etiópia, Senegal e Mali ? poderão enfrentar quase 200 dias de calor extremo por ano, ameaçando diretamente a saúde e a sobrevivência de seus habitantes.
“Muitos desses lugares correm o risco de se tornarem inabitáveis devido à combinação mortal de calor extremo e alta umidade”, alerta o relatório.
Por fim, o documento projeta que o número de países altamente expostos a riscos climáticos saltará de três para 65 até 2040, caso não haja ação global urgente para mitigar os impactos do aquecimento no planeta. (ANSA).