Brasília, 8 – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) gerou um lucro social de R$ 107,24 bilhões no ano passado. O lucro social é o valor decorrente de benefícios econômicos que o setor produtivo recebe por adotar soluções tecnológicas produzidas pela empresa. Do montante apresentado pela Embrapa, R$ 102,15 bilhões vieram diretamente dos impactos econômicos de 166 tecnologias e R$ 3,78 bilhões de 110 cultivares que a empresa coloca à disposição de produtores, que juntos representam 98,8% do lucro social da empresa. Mais R$ 1,31 bilhão foi proveniente de indicadores sociais e laborais da estatal, conforme balanço social da empresa pública. Os números foram apresentados na quarta-feira, 7, à noite, durante cerimônia de aniversário de 52 anos da estatal.
O montante foi 26% superior ao lucro social proporcionado pela empresa em 2023. Em termos reais, o incremento anual foi de 17%. A receita operacional líquida da empresa foi de R$ 4,228 bilhões, ante R$ 4,009 bilhões reportados em 2023. Para cada R$ 1 investido pela sociedade brasileira na estatal em 2024, foram gerados R$ 25,37, segundo a Embrapa, o chamado índice de retorno social – retorno 25 vezes superior ao total investido nas tecnologias e cultivares desenvolvidas pela Embrapa. O índice de retorno social também aumentou em relação a 2023, quando foram aferidos R$ 21,23 para cada R$ 1 investido na empresa. Além disso, foram criados 35.717 empregos a partir das tecnologias da estatal somente no último ano.
O levantamento do impacto social das tecnologias da Embrapa é realizado anualmente pelas 46 unidades descentralizadas da empresa pública. Entre os benefícios econômicos, a Embrapa mensura benefícios por incremento de produtividade na atividade agropecuária – impacto de R$ 61,06 bilhões em 2024. No ano passado, das 166 tecnologias avaliadas pela Embrapa, 107 apresentaram ganhos por incremento de produtividade.
Outro benefício apurado é a redução do custo de produção. Em 2024, 50 tecnologias da Embrapa geraram redução de custo de produção, somando economia de R$ 36,07 bilhões. A agregação de valor é outro benefício apurado, que gerou aumento de renda aos produtores de R$ 5,06 bilhões em 2024 com 54 tecnologias. Conforme balanço social da empresa pública, das 166 soluções tecnológicas avaliadas no balanço social, 36 apresentaram mais de um tipo de benefício econômico e geraram um impacto econômico de R$ 2,28 bilhões.
Entre as tecnologias em destaque no último ano, a Embrapa citou a soja transgênica BRS 1064IPRO, que está em expansão na área licenciada no País. “Os benefícios gerados pela empresa se concentram principalmente em práticas de manejo agrossilvipastoril e correções de solo, que se traduzem quase sempre em conhecimentos e técnicas transferidos sem nenhum custo para o setor produtivo agropecuário. Convém destacar que se encontra, neste grupo, a tecnologia de fixação biológica de nitrogênio”, ressaltou a empresa no balanço.
De acordo com a Embrapa, os impactos sociais estimados atualmente são resultado de investimentos em pesquisa realizados na empresa pública a em décadas anteriores. Considerando a média da relação entre lucro social e o resultado operacional líquido (ROL) desde 1997, a empresa retornou R$ 13,60 para a sociedade para cada R$ 1 investido pelo governo.
Na África
A Embrapa voltará a ter um pesquisador com sede na África com foco na transferência de tecnologias agropecuárias. Um pesquisador da estatal será deslocado para a nova representação diplomática do Brasil em Adis Abeba, capital da Etiópia e sede da União Africana (UA). A empresa de pesquisa agropecuária atuou no continente africano até meados de 2016.
O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em missão em Angola e deve ser formalizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 23 de maio durante visita do presidente de Angola ao Brasil. “É determinação do presidente Lula que a Embrapa volte a esse continente”, disse Fávaro em vídeo publicado em suas redes sociais durante agenda em Luanda.
A expectativa é de que a retomada da posição de pesquisa da Embrapa ocorra no segundo semestre, disse o chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
De acordo com ele, a Embrapa será uma das instituições presentes na representação diplomática brasileira na União Africana. “Teremos um pesquisador como ponto focal para levantar as demandas, fazer o relacionamento com instituições africanas. A expectativa é que a partir desse representante da Embrapa no continente africano possamos ampliar interlocução com instituições africanas para além de transferir tecnologias também contribuir no desenvolvimento de tecnologias locais com um programa de capacitação para pesquisadores agropecuários”, afirmou Morandi à reportagem.
Os projetos prioritários que serão desenvolvidos por esse pesquisador no continente africano serão definidos ao longo dos próximos meses, segundo Morandi. Capacitação de pesquisadores e transferência de tecnologias adaptadas às realidades locais serão os eixos que vão direcionar os projetos, antecipou.
Os detalhes quanto à remuneração do pesquisador e responsabilidade orçamentária serão detalhadas juntamente com o Ministério da Agricultura, a Casa Civil e o Ministério da Gestão e Inovação nos próximos meses. A Embrapa busca mecanismos para poder elevar a remuneração base do pesquisador expatriado, hoje limitada ao teto constitucional, o que em virtude da variação cambial dificulta a manutenção do servidor no exterior, segundo Morandi. “Hoje temos uma dificuldade legal de manter um empregado no exterior, em virtude da execução do pagamento. Estamos buscando alternativas e mecanismos com os ministérios para viabilizar a retomada desse posto de pesquisa agropecuária no continente africano”, detalhou.
A estatal está em processo de seleção desse pesquisador que atuará na União Africana.