A Embraer fechou 2023 com lucro líquido ajustado de R$ 333,2 milhões, cifra que representa um crescimento de 94,6% na comparação com o ganho de R$ 171 milhões do ano anterior. A receita líquida total da companhia alcançou R$ 26,1 bilhões, um aumento de 11% em relação a 2022. E o lucro antes dos impostos, juros, amortizações e depreciações (Ebitda) foi de R$ 2,58 bilhões, avanço de 500% em um ano.

Ao longo de 2023, A Embraer entregou 181 aviões, 13% a mais que no ano anterior, quando foram entregues 160 jatos. Para este ano, a previsão é entregar entre 197 e 215 aviões: de 72 a 80 jatos no segmento de Aviação Comercial; e de 125 a 135 unidades na Aviação Executiva.

Apesar das projeções de um número maior de entregas, a Embraer deve encontrar dificuldades e atrasos ao longo de 2024, ainda por causa de problemas na cadeia produtiva, advertiu o presidente da companhia, Francisco Gomes Neto.

“Utilizamos uma base conservadora, levando em consideração os desafios na cadeia produtiva”, disse o executivo na teleconferência de apresentação de resultados, admitindo que ainda existem gargalos importantes em componentes críticos, como motores.

Desde a pandemia, o atraso no fornecimento de peças e partes tem afetado a capacidade de entrega dos fabricantes de aeronaves mundialmente. Apesar de alguns atrasos ainda este ano, Gomes Neto disse que há uma melhora na situação da cadeia produtiva, que deve continuar nos próximos meses. “Temos percebido uma melhora e prevemos que continue assim, mas ainda vemos atrasos no início deste ano que afetam o fluxo de produção”, reforçou o executivo.

Carteira de pedidos

De acordo com o balanço divulgado ontem, a carteira de pedidos da companhia (backlog) atingiu US$ 18,7 bilhões ao final de 2023, maior valor em seis anos – o saldo cresceu US$ 1,2 bilhão ante a carteira de 2022.

Segundo a companhia, a divisão Embraer Serviços & Suporte foi o destaque nesse item, com uma carteira de pedidos de US$ 3,1 bilhões – US$ 400 milhões a mais em relação ao ano anterior e o maior nível já registrado pela área de negócios.

A Aviação Executiva, por sua vez, encerrou o ano com uma carteira de pedidos de US$ 4,3 bilhões, US$ 400 milhões a mais na comparação anual. “Esperamos melhores resultados em 2024. Não vamos conseguir nivelar os quatro trimestre do ano, mas vamos ter progresso neste ano e melhor ainda em 2025. Isso vai ajudar a melhorar a eficiência, geração de caixa e deixar a empresa com performance melhor”, disse o executivo, informando também que a empresa espera entregar quatro unidades do avião de transporte militar C 390, número que pode aumentar caso novos contratos de venda sejam fechados.

A Embraer registrou retorno sobre capital investido (ROIC, na sigla em inglês) de 8,8% em 2023, dois pontos porcentuais acima do registrado em 2022. O resultado foi destacado pelo CFO da fabricante, Antonio Carlos Garcia. “Olhando para frente, a meta é elevar o ROIC para acima de dois dígitos”, afirmou.

Garcia disse ainda que a empresa está em uma posição confortável de caixa, com recursos suficientes para cumprir as obrigações até 2030.

Dividendos

O fluxo de caixa livre (FCL) ajustado foi de R$ 3,4 bilhões no quarto trimestre de 2023, e no ano fechou em R$ 1,4 bilhão, acima das estimativas da companhia. Como parte desse processo de recuperação de receitas, a Embraer informou que planeja retomar o pagamento de dividendos a acionistas em 2025. Mas a política ainda não está definida, segundo Gomes Neto. “Precisamos de 2024 e parte de 2025 para zerar o prejuízo acumulado que ainda existe. Essa é a primeira fronteira para voltarmos a pagar dividendos”, disse o presidente da Embraer.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.