Embaixada em Brasília é cada vez mais ‘Casa Itália’, diz Cortese

BRASÍLIA, 11 DEZ (ANSA) – Por Patrizia Antonini – O embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, comenta sobre um 2025 muito intenso, com importantes novidades para as empresas italianas e para o Sistema Itália. Graças a numerosas viagens nos últimos 18 meses que trouxeram ao Brasil o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, além de vários ministros e CEOs de grandes empresas italianas, parece ter crescido a conscientização de que o Brasil e Brasília são um polo estratégico a ser protegido.   

E a partir dessa ótica, explica o diplomata em uma entrevista à ANSA, a Embaixada irá sediar importantes instituições italianas, a começar pelo Enit (que irá transferir sua sede de São Paulo); já a Câmara de Comércio Italiana de São Paulo (a mais importante do país) chega para facilitar o lobby das centenas de empresas registradas, além da Confindustria, que abrirá em 2026 uma “antena” na sede desenhada pelo arquiteto Pierluigi Nervi.   

“Pela primeira vez, a Embaixada finalmente se tornará uma espécie de ‘Casa Itália’. Graças também às grandes reformas ? que duraram dois anos ? que renovaram e liberaram espaço, poderemos abrigar os escritórios”, enfatizou Cortese, acrescentando que “este é um desenvolvimento extremamente importante, com grande potencial econômico e comercial, além de estar em consonância com o grande compromisso, inclusive organizacional, que o ministro [Antonio] Tajani e o Ministério das Relações Exteriores estão assumindo para diversificar os mercados e aumentar as exportações e os investimentos italianos no exterior. Na minha opinião, o Brasil oferece um terreno muito fértil. Graças também aos 32 milhões de ítalo-descendentes, às mais de 1,1 mil empresas italianas presentes no país e aos 11 bilhões de euros em comércio no ano passado (dos quais quase 6,5 bilhões de euros foram em exportações italianas contra 4,5 bilhões de euros em brasileiras). E não podemos esquecer que Brasília é hoje a terceira maior cidade do país, com seus 5 milhões de habitantes, ostentando a maior renda per capita entre as grandes cidades brasileiras, além de ser cada vez mais, embora isso não seja novidade, o centro nevrálgico da vida política.” Diante do exposto, a Embaixada deverá se tornar cada vez mais “o coração pulsante do encontro entre dois países, duas economias e duas culturas, assumindo um papel progressivamente mais incisivo”.   

“Durante o ano, tivemos muito eventos promocionais da Itália e de suas empresas. O último, por exemplo, ums importante conferência com a TIM, que da Embaixada em ligação direta com a Antártida, anunciou o fornecimento da rede 5G à Estação Comandante Ferraz da Marinha Militar na Antártida. Um encontro que trouxe curiosidades notáveis, tantas que participaram da reunião quatro ministros do governo brasileiro, vários expoentes do Estado Maior da Defesa, além de diversos representantes do mundo científico e acadêmico brasileiros”, comentou Cortese.   

O diplomata destacou ainda que “em Brasília estão presentes também quase todas as embaixadas europeias, além de uma grande delegação da União Europeia, então existe a possibilidade de sinergia, tendo em vista projetos e investimentos do ‘Global Gateway’ europeu, que no Brasil prevê atividades focadas, principalmente, em data centers com energias renováveis; a digitalização de áreas remotas como a Amazônia e uma cadeia de suprimentos sustentáveis para a exploração de terras raras e muitas outras iniciativas”, temas que serão abordados no Business Fórum UE-Brasil, em abril de 2026, no Rio de Janeiro.   

Neste final de 2025, o embaixador italiano também enfatizou a significativa contribuição da Itália para a COP30 em Belém, dando continuidade ao compromisso assumido durante a presidência brasileira do G20 no ano anterior. “Na cúpula [do clima] de algumas semanas atrás, tivemos a participação do vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, um importante sinal da nossa atenção a essas questões”, lembrou Cortese, sem se esquecer do “ministro [italiano] do Ambiente e Segurança Energética, Pichetto Fratin, que conduziu as negociações sobre temas importantes, como o aquecimento climático e o reflorestamento, assinando ainda um acordo com a ministra do Meio Ambiente [do Brasil], Marina Silva. Também preciso mencionar o pavilhão italiano Aquapraça, uma joia da arquitetura sustentável italiana às margens de um vasto rio amazônico. Além de sediar muitos eventos paralelos da COP, [o pavilhão] atraiu mais de 25 mil espectadores em duas semanas, um verdadeiro sucesso. Tudo isso para dizer que poucos países participaram [da COP30] com uma presença tão marcante quanto a Itália”.   

Quanto às eleições presidenciais de 2026, o diplomata prefere não fazer previsões. “Temos um ano pela frente: a política é uma era geológica”, concluiu. (ANSA).