Eles fazem fila antes de abrir a boca para a coleta de uma amostra do fundo da garganta: preocupados, após o aparecimento de novos casos de COVID-19, os habitantes de Wuhan se submetem obedientemente a testes em massa.

Apesar da chuva, esperam em tendas médicas instaladas em estacionamentos, parques, ou ao pé de edifícios na metrópole onde o novo coronavírus apareceu no final de 2019.

“É uma maneira de ser responsável em relação aos outros e a você”, explica à AFP um homem de 40 anos depois de fazer o teste.

Já testado no início de maio, disse que quis fazer um novo exame porque Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes, foi de longe a mais afetada na China.

“Se você tem a oportunidade, por que não fazer?”, questiona.

Depois da descoberta da transmissão entre humanos do novo coronavírus, a China decidiu em 23 de janeiro bloquear todas as entradas e saídas de Wuhan – que é um grande centro industrial e estratégico para o transporte.

Os habitantes foram forçados a permanecerem confinados em suas casas.

Mais de 3.800 pessoas morreram de COVID-19 em Wuhan, de acordo com o balanço oficial – a grande maioria das mortes registrada na China.

O bloqueio da cidade foi suspenso no início de abril. Desde então, a vida tem voltado ao normal aos poucos.

Esse otimismo recebeu um golpe nos últimos dias com o anúncio de seis novos casos, depois de um mês sem qualquer contágio adicional.

Por temer uma segunda onda epidêmica, a prefeitura de Wuhan lançou uma campanha de testes em massa.

Homens, mulheres, crianças e idosos, vestidos com roupas de proteção completas e equipados com viseiras de plástico, chegam a essas tendas médicas onde os profissionais da saúde enfiam um “swab” na garganta.

Alguns continuam ansiosos.

“As medidas de segurança lá dentro são muito ruins. As pessoas estão muito próximas umas das outras”, reclama uma mulher que não quis se identificar.

“A pessoa que faz o teste lida com muitas pessoas, mas eu não a vi lavar as mãos”, diz ela.

A China conteve a COVID-19 em grande parte em seu território, mas permanece em alerta.

Porque, além dos seis novos casos de Wuhan, outros focos de infecção apareceram nas últimas semanas no nordeste do país, na fronteira com a Rússia.

Em uma reunião do Partido Comunista nesta quinta-feira, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu que “nada seja deixado ao acaso” diante da COVID-19.

“Os resultados duramente conquistados contra a epidemia não podem, em nenhum caso, ser reduzidos a nada”, alertou ele, pedindo em particular pelos testes em Wuhan.

Apesar do medo de uma segunda onda, a maioria dos moradores de Wuhan retomou uma vida quase normal.

Na quarta-feira à noite, no calçadão ao longo do rio Yangtze, dezenas de pessoas ouviam música tradicional de maneira despreocupada.

Casais mascarados caminhavam ao lado de uma ponte iluminada com enormes caracteres chineses: “Coragem, Wuhan”.

“É muito bom sair para dançar aqui fora”, explica Qiu Jumei, uma camareira de 53 anos.

“A atmosfera não era a mesma quando eu dançava sozinha em casa”, diz ela.

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