SÃO PAULO, 24 OUT (ANSA) – Durante o primeiro dia de sua visita oficial a Pequim, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (24) que está em um país “capitalista”. A visita do brasileiro à China acontece no mesmo mês em que é celebrado os 70 anos da Revolução Comunista. Ao ser questionado por jornalistas sobre a pressão que tem sofrido por parte de seus eleitores para dar explicações sobre o fato de viajar para um país comunista, Bolsonaro afirmou que a nação é “capitalista”. Já em relação às críticas feitas anteriormente contra a China sobre o comércio, o mandatário se recusou a falar e ressaltou que “não veio [a Pequim] para falar de questão política”.   

Durante sua campanha eleitoral, em 2018, Bolsonaro chegou a dizer que os chineses estavam “comprando o Brasil”. Hoje, no entanto, ele preferiu adotar uma postura neutra sobre a guerra comercial entre o governo de Xi Jinping e os Estados Unidos. “Não é uma briga nossa. Nós queremos nos inserir sem qualquer viés ideológico nas economias do mundo”, disse. Bolsonaro ainda destacou que “a prioridade número um” do governo brasileiro e de Pequim é aumentar o comércio entre os países.   

A expectativa é de que o político do PSL encontre o presidente chinês, Xi Jinping, do Partido Comunista, nesta sexta-feira (25). “O que for possível para o desenvolvimento do país nós faremos”, acrescentou. A China é o segundo país visitado por Bolsonaro em seu giro presidencial pela Ásia e Oriente Médio. A nação é o maior parceiro comercial do Brasil e também um dos principais fornecedores de investimento em áreas cruciais, como infraestrutura e energia. No ano passado, o fluxo de comércio entre os dois países bateu a marca histórica de U$98,9 bilhões.   

Compromissos – O primeiro compromisso de Bolsonaro foi uma visita à Grande Muralha da China. Logo depois, a comitiva brasileira se reuniu com empresários chineses em um evento organizado pelo presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.   

No território chinês, os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Agricultura, Tereza Cristina, também se juntaram ao grupo brasileiro, já que estavam no país, onde participaram de encontros com autoridades para discutir as relações comerciais.   

A programação de Bolsonaro para esta sexta-feira (24) ainda inclui a participação no Seminário Empresarial 45 anos construindo laços bilaterais; um encontro com Jinping, com o primeiro-ministro Li Keqiang e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Li Zhanshu, bem como uma cerimônia de assinatura de atos bilaterais, no Grande Palácio do Povo; e a participação em um jantar em sua homenagem. Em seus encontros, os presidentes deverão revisar os principais aspectos da agenda bilateral, inclusive o processo de atualização do Plano Decenal de Cooperação (2012-2021) e de modernização da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), o principal mecanismo de coordenação e acompanhamento das relações entre os dois países.   

Vistos – Em seu primeiro dia na China, Bolsonaro ainda informou que irá isentar os chineses de visto para turismo ou negócios no território brasileiro. A decisão foi anunciada durante reunião em Pequim com empresários. “Vamos o mais rápido possível, seguindo a legislação, isentar turista chinês de visto para adentrar o Brasil. Pretendemos também fazer a mesma coisa com a Índia”, afirmou. Bolsonaro não especificou a data que a medida entrará em vigor, principalmente porque existe a expectativa de haver forte demanda.   

Atualmente, os chineses que visitam o Brasil precisam primeiramente recorrer aos três consulados que o país tem na China, localizados em Cantão, Pequim e Xangai. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, “não necessariamente” haverá reciprocidade por parte do governo chinês, ou seja, os brasileiros não terão isenção de vistos para entrar no território asiático. Recentemente, o presidente do Brasil já havia anunciado a mesma decisão para beneficiar cidadãos do Canadá, Japão, Estados Unidos e Austrália. (ANSA – Com informações da Agência Brasil)