O presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou, nesta quinta-feira (15), em visita ao Cairo, a ofensiva militar de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, classificando-a de “punição coletiva” contra a população civil palestina.

“É urgente parar com a matança”, declarou Lula em uma reunião da Liga Árabe, após se encontrar com o presidente egípcio, Abdel Fattah al Sissi. “Basta de punições coletivas”, acrescentou.

Nas últimas semanas, as advertências internacionais têm se multiplicado sobre a proporcionalidade da resposta israelense ao ataque cometido por comandos islamistas em 7 de outubro no sul do país, no qual mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram por volta de 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os bombardeios e operações terrestres de resposta contra o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, reduziram a escombros grande parte deste território palestino e deixaram pelo menos 28.663 mortos, em sua maioria mulheres e menores de idade, segundo informações das autoridades locais.

A comunidade internacional teme agora que Israel ataque Rafah, no extremo sul da Faixa, onde quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra, vive em condições deploráveis.

– ‘Não haverá paz’ sem Estado palestino –

Mediadores internacionais pressionam por uma nova trégua entre Israel e Hamas, depois da de novembro, que permitiu a libertação de uma centena de reféns em troca de palestinos mantidos em prisões israelenses. Israel estima que cerca de 130 pessoas ainda são mantidas como reféns do Hamas, e que 29 delas morreram no cativeiro.

“A tarefa mais urgente é estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida e a imediata e incondicional liberação dos reféns”, declarou Lula.

“Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, ressaltou.

Em novembro, Lula classificou a ação do Hamas em 7 de outubro como “um ato de terrorismo”, mas assinalou que “também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, que as mulheres não estão em guerra. Eles não estão matando soldados, estão matando crianças”.

As discussões entre o presidente Al Sissi e Lula se concentraram na “coordenação conjunta nos fóruns internacionais, levando em conta o peso regional dos dois países”, disse o porta-voz da Presidência egípcia, Ahmed Fahmy.

A visita de Lula ao Cairo coincidiu com a celebração do centenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e Egito.

Lula, que realiza sua terceira viagem à África desde que voltou ao poder em janeiro de 2023, irá em seguida para Adis Abeba, na Etiópia, onde participará como convidado da assembleia anual da União Africana nos dias 17 e 18.

Esta também será uma ocasião para se reunir com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para abordar o conflito no Oriente Médio, segundo o Itamaraty.

Egito e Etiópia estão entre os novos membros que acabam de se juntar ao Brics, o bloco de países emergentes que antes incluía apenas Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

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