Os Estados Unidos advertiram, nesta terça-feira (27), sobre as “ameaças” da China à segurança, por ocasião da visita à Índia dos secretários de Estado, Mike Pompeo, e da Defesa, Mark Esper.

Como sinal do fortalecimento de seus vínculos estratégicos, os dois países devem assinar hoje um acordo de troca de informações no dia.

“Hoje, se apresenta uma nova oportunidade de reaproximação para duas grandes democracias como a nossa”, declarou Pompeo antes de iniciar com Esper conversas com seus colegas indianos, os ministros Subrahmanyam Jaishankar (Relações Exteriores) e Rajnath Singh (Defesa).

Ambos os países têm uma longa lista de temas para discutir, disse o secretário de Estado.

Cooperar contra a pandemia do coronavírus, compensar as ameaças para a segurança e a liberdade colocadas pelo Partido Comunista da China e promover a paz e a estabilidade em toda região são alguns dos tópicos sobre a mesa.

Já Esper ressaltou que os Estados Unidos querem estreitar seus laços com a Índia, em um momento de forte tensão na disputada fronteira com a China no Himalaia, para “responder aos desafios de hoje e manter os princípios de uma região Indo-Pacífico livre e aberta para o futuro”.

Na noite de segunda-feira, Pompeo e Esper destacaram seu desejo de aprofundar as relações durante os encontros com seus colegas indianos. Em um tuíte, Jaishankar observou que “eles estão crescendo substancialmente em todas as áreas”.

– Troca de informação –

O “Basic Exchange and Cooperation Agreement” que será assinado permitirá aos Estados Unidos trocarem dados ultrassecretos de satélites e sensores que ajudarão a Índia a ajustar seus mísseis e o posicionamento de suas tropas.

Também autorizará os Estados Unidos a investirem tecnologia de navegação avançada para os aviões de combate que forem fornecidos à Índia.

Esper defende que a Índia compre caças F-18 americanos e reduza sua dependência de armas da Rússia. Já a Índia quer fabricar a maior parte de seus armamentos e pede investimentos.

Esper e Singh “saudaram o aumento da troca de informações”, de acordo com um comunicado dos EUA. Uma nota divulgada pelo Ministério indiano da Defesa informa que os dois ministros discutiram “possíveis novas áreas de cooperação”.

Nos últimos anos, as relações da China se tornaram cada vez mais tensas, tanto com os Estados Unidos quanto com a Índia.

Os Estados Unidos estão travando uma intensa guerra comercial com a China e vêm multiplicando as advertências contra o crescente poder econômico e militar de Pequim.

Nova Délhi busca apoio internacional, depois de um confronto mortal com a China, o primeiro em 45 anos, em junho, na fronteira do Himalaia. Foram registradas 20 mortes do lado indiano e um número desconhecido de vítimas entre as tropas chinesas.

Em setembro, as duas potências nucleares trocaram acusações sobre disparos nas fronteiras, fato que não acontecia desde 1975. Ambos os países enviaram dezenas de milhares de soldados para essa região do Himalaia, que registra temperaturas gélidas no inverno.

Em busca de equipamentos americanos para o frio, a Índia concordou em deixar a Austrália participar, em novembro, de grandes manobras na costa indiana, pela primeira vez desde 2007. As manobras de Malabar envolvem, em geral, Índia, Estados Unidos e Japão.

Depois de seus encontros na Índia, Pompeo visitará Sri Lanka e Maldivas – dois países onde o investimento chinês e a crescente influência preocupam Washington e Nova Délhi – e a Indonésia.