A deputada argentina Maria Celeste Ponce, partidária do presidente Javier Milei, promoveu na quinta-feira, 30, um evento chamado “Censura – Liberdade de expressão e direitos humanos no Brasil”, que reuniu diversos deputados federais bolsonarista, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – e Julia Zanatta (PL-SC) no Congresso argentino.

Segundo o UOL, alguns dos foragidos responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF), divulgaram o evento. Eles estão na Argentina em busca de refúgio político.
Antes do evento começar, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) pediu que a Argentina acompanhasse os brasileiros que, segundo ele, precisam de proteção e estimou que haverá mais de 100 “refugiados políticos” nos próximos dias.

Na entrada do Congresso argentino, mais de 20 pessoas fizeram fila – dentre elas foragidos do 8 de janeiro – estavam acompanhadas da advogada Carolina Siebra, que se diz membro da ASFAV (Associação de Famílias e Vítimas de 8 de janeiro). Ela destacou que há um trabalho para obter asilo político na Argentina para os “perseguidos politicamente”, para que tenham direito à defesa.

No evento, falaram os deputados Eduardo Bolsonaro, Marcel Van Hattem, Julia Zanatta, Rodrigo Valadares (União-SE), Ezequiel Silveira e ex-juíza do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) Ludmila Lins Grilo, que participou virtualmente.

A deputada argentina Celeste Ponce foi a primeira a se apresentar no evento e disse que os parlamentares estão “dispostos a defender os valores ocidentais”. “Temos que ser o farol do Ocidente no mundo, travar a batalha cultural e defender a liberdade contra o socialismo corrupto e empobrecedor”, completou.

A deputada Júlia Zanatta, por sua vez, pediu anistia aos presos do 8 de janeiro e disse que há mais de 800 detidos sem o devido processo legal.

Já o deputado Rodrigo Valadares disse que reuniu advogados e vítimas do 8 de janeiro para “denunciar a perseguição política e falta de liberdade de expressão” dentro de um quadro de suposta tirania no Brasil. Depois Ezequiel Silveira pediu ao governo argentino que não negasse o pedido de asilo e pressionou a OEA (Organização dos Estados Americanos) para garantir um julgamento justo e imparcial.

Por fim, Ludmilla Lins Grilo afirmou que foi perseguida politicamente por publicar em suas redes sociais a sua opinião sobre os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e, por isso, teria se exilado nos Estados Unidos.

Assim que acabou o evento os deputados se reuniram com os fugitivos que estavam do lado de fora do Congresso argentino.

Por meio das redes sociais, a deputada Ponce disse que apresentou uma declaração de repúdio “à perseguição política no Brasil” e que se sentiu honrada de realizar o evento. “Apoio a moção e trabalharei desde meu lugar para conformar uma direita”, finalizou.