15/04/2021 - 13:21
Quando dois agentes públicos, da estatura de um chefe de Estado e de um parlamentar, se encontram, há regras a seguir.
Quando se ultrapassa, e muito!, o limite do decoro e, em tese, das leis, o verdadeiro Estado Democrático de Direito precisa agir.
O senador por Goiás, Jorge Kajuru, procurou o presidente Jair Bolsonaro e lhe fez o seguinte pedido: fale bem de mim para o Brasil.
Por sua vez, o amigão do Queiroz respondeu: mude o objeto da CPI da Covid e eu falarei bem de você, “não tem problema nenhum”.
O pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais também pediu ao parlamentar para perseguir ministros do Supremo.
De forma sabuja e servil, Kajuru disse já ter atendido o pedido presidencial antes mesmo que lhe fosse pedido; prova de que é o trigo, e não o joio.
O que o senador fez tem, em tese, nome e sobrenome: corrupção ativa. O que o presidente fez tem, em tese, nome e sobrenome: corrupção passiva.
Há também, em tese, um termo jurídico-criminal para a proposta do devoto da cloroquina ao seu interlocutor: advocacia administrativa.
Tanto pior quando vinda do presidente da República. Tanto pior quando o objetivo é a franca interferência nos demais Poderes.
Kajuru é inexpressivo na política nacional. Foi eleito na onda das sub-celebridades sedizentes “cidadão de bem” contra a velha política.
Jair Bolsonaro era inexpressivo. Não é mais! É um perigo ambulante para a saúde pública e para a democracia brasileira.
Quando se juntam e conspiram abertamente contra o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, tornam-se potencialmente criminosos.
Kajuru segue seu mandato sem ser incomodado. Bolsonaro segue seu mandato sem ser incomodado. O Brasil segue para a morte… incomodado.