A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que completou três anos nesta segunda-feira, 24, não é o primeiro conflito entre as duas nações, cujo histórico de embates territoriais e religiosos perdura há séculos.
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Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em larga escala contra a Ucrânia, promovendo ataques em pontos estratégicos próximos à capital do país. Financiado por potências internacionais, como os Estados Unidos, o Exército ucraniano reagiu com ofensivas proeminentes a partir das semanas finais do mesmo ano.
Apesar das promessas de autoridades como Donald Trump, presidente dos EUA, não há uma perspectiva clara de encerramento do conflito. Em três anos, a Ucrânia perdeu 11% do seu território original e viu seu poderio militar se reduzir na medida em que ficou mais longe de ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Disputa territorial
Em 2022, a Ucrânia assinalou vitórias em Kharkiv, uma das maiores cidades do país, e em Kherson, uma região portuária. Mas dados do Institute for the Study of War, um monitor de conflito americano, apontaram que o país perdeu 11% do seu território no período.
O avanço russo se concentra, em grande parte, no leste da Ucrânia, pelos campos de Donbas. Pouco a pouco, as tropas dominaram cidades e vilas com um contingente expressivo de soldados.
Em fevereiro de 2024, a cidade de Avdiivka, ao norte de Donetsk, foi tomada por forças russas e, recentemente, elas têm adentrado em direção ao nordeste do país, invadindo a cidade de Kurakhove.
As ofensivas da Rússia contemplam diferentes lados do território ucraniano e são uma problemática antiga. Em 2014, combatentes apoiados pelos russos conquistaram áreas de Donetsk e Luhansk. No mesmo ano, a Península da Crimeia foi anexada pelo país.
Apesar disso, a Ucrânia conseguiu configurar investidas significativas contra o adversário, sempre apoiada por potências ocidentais. Com equipamentos e armamentos de peso — como o sistema anti-tanque Nlaw — a nação chefiada por Volodymyr Zelensky ajustou sua resistência e recuperou a cidade de Kherson, no sul.
Suporte americano
Os EUA são um dos principais patrocinadores internacionais do conflito e enviaram cerca de US$95 bilhões (R$ 548 bilhões, pela cotação do dia) em ajuda financeira para os ucranianos. O suporte, porém, entra em jogo com a posse do novo presidente Donald Trump — que já criticou abertamente o custeamento da guerra e se comprometeu em mudar a postura da Casa Branca em relação a esse apoio.
Sem a ajuda americana, Zelensky dificilmente conseguirá arquitetar uma nova reação militar. Em 2024, por exemplo, os EUA deixaram de fornecer armas para a Ucrânia durante quatro meses, o que resultou em um avanço intenso das tropas russas.
Segundo o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, a relação entre os EUA e a Ucrânia mudou expressivamente com a troca de governo. “A Casa Branca e a Europa preservavam a visão de que os governos autocráticos, em especial a Rússia, eram uma ameaça aos valores ocidentais”, disse à IstoÉ.
Trump, por outro lado, expressou insatisfação com o financiamento de atritos externos desde a campanha eleitoral e, ao contrário de seu antecessor Joe Biden, nutre admiração pública por Vladimir Putin. “A gestão atual não acredita na defesa da agenda democrática, o que gerou um abandono desse compromisso e, por consequência, um racha nas relações com a Europa”, concluiu o professor.