Ao que parece, como nos filmes de ficção científica em que vilões insistem em destruir o mundo, mas são sempre impedidos pelos super-heróis, aos 55 minutos do segundo tempo (por causa do VAR eu atualizei o jargão), alguma substância espalhada no ar, na água ou na comida, pelo malvado Sincerão de Banânia – um vilão do bem, se é possível tal contrassenso -, anda causando “saias justas” nas altas castas da política nacional.

Primeiro foi o atual presidente da República, Jair Bolsonaro – pai de Flávio Rachadinha, o maior vendedor de panetones, em dinheiro vivo, do mundo, e marido de Micheque, digo, Michelle, a primeira-dama que recebeu dezenas de depósitos do amigão de décadas, Fabrício Queiroz, e até hoje não explicou o porquê – que admitiu ter acabado com a Operação Lava Jato, já que não existiria qualquer tipo de corrupção em seu governo. Governo?

Agora foi a vez do corrupto e lavador de dinheiro Lula da Silva, político que comandou o maior esquema de corrupção da história do Ocidente democrático, criminoso duplamente condenado a quase 30 anos de prisão, solto provisoriamente pelos apadrinhados políticos do STF, que, ao vivo e em cores, numa “live”, disse: “Eu já tenho idade demais, eu já vivi demais, eu já tenho experiência demais, e eu não vou enganar o povo mais uma vez”

Eis duas confissões inquestionáveis. Se, por atos falhos ou ataques de sinceridade, pouco importa. Mas Lula e Bolsonaro admitiram, por vias tortas, a que vieram. O primeiro, reconheceu que já enganou o povo. O segundo, que destruiu a Lava Jato. O primeiro, não só enganou como roubou. O segundo, até o momento, apenas enganou, já que prometeu combater a corrupção e hoje é aliado dos eternos malfeitores.

Espero que este “soro da verdade” se espalhe por aí. Adoraria ouvir outras histórias inconfessáveis. Poderiam ser de Gilmar Mendes, Ciro Gomes, Aécio Neves ou outras personagens, digamos, polêmicas do nosso habitat político. Imaginem, por exemplo, Ricardo Lewandowski admitindo que, ao lado de Renan Calheiros, rasgou a Constituição Federal para preservar os direitos políticos de Dilma Rousseff.

Ou Dias Toffoli explicando por que era chamado de “amigo do amigo de meu pai”. Que tal Rodrigo Maia esclarecendo o apelido “Botafogo”, nas planilhas de propina da Odebrecht? Ou Gleisi Hoffmann, a “Amante” nas mesmas planilhas, contando o que o então marido, Paulo Bernardo, fez no verão passado com os aposentados? Seria, também, sensacional ouvir um bate-papo entre Sergio Cabral e Eduardo Cunha.

Vejamos quem será o próximo “sincerão” da rodada. Quem falar a verdade três vezes pede música no Fantástico. Minha sugestão: Alô, Alô, de Carmen Miranda. “Responde, responde com toda a sinceridade”. Ou então, Aurora, antiga marchinha de Carnaval composta pelo genial Mário Lago: “se você fosse sincera, ôôôô, Aurora”. Vixe, é bom eu parar. Tô me sentindo meio antiquado. Sendo sincero, muito antiquado, hehe.