A íntegra da reunião ministerial realizada no dia 5 de julho de 2022 do então presidente Jair Bolsonaro (PL) com sua equipe de governo foi divulgada nesta sexta-feira, 9. Em um trecho da conversa, ele desferiu ataques contra ex-integrantes da gestão e, sem citar nomes, disse que militares “traíras” passaram pela administração federal.

Durante reunião, Bolsonaro intimou ministros a agirem antes das eleições: ‘Vai ter um caos no Brasil’

“Olha os traíras que já passaram pelo nosso governo, inclusive, militares. Tem um militar aí, general, que tinha interesse em compra de armamento em Israel através do respectivo filho, vira inimigo mortal da gente. Olha o outro que foi, aqui, porta-voz. Ficou um ano sem fazer porra nenhuma aqui, porque eu acabei com a figura do porta-voz, mas quando ele foi embora, não interessa o motivo, virou grande escritor de jornal para sacanear a gente”, afirmou Bolsonaro.

Ao falar de desafetos, o ex-presidente citou o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi um dos primeiros militares a sair do governo. O filho dele, Caio Cesar dos Santos Cruz, é representante de uma empresa israelense, e teve de prestar esclarecimentos à Polícia Federal na investigação sobre a “Abin Paralela”, por ter vendido o sistema de monitoramento ao governo.

Em outro trecho da reunião, Jair Bolsonaro se refere ao general Rêgo Barros, que ocupou o cargo de porta-voz do governo. “Olha o outro traíra que eu mandei para os Estados Unidos. Dei emprego para ele de 22 mil dólares por mês, né, Paulo Guedes? O outro irmão dele, 10 mil dólares por mês. E o cara vira inimigo. E alguns preocupados dele ser preso. Não vai ser preso. Ele está pronto para fazer uma delação premiada no Supremo (Tribunal Federal). O que ele vai falar? O que der na cabeça dele”, completou.

Ele ainda falou sobre uma suposta perseguição a integrantes do governo dele e cita nominalmente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que pediu demissão do cargo no dia 28 de março de 2022 em meio a denúncias de que pastores estavam atuando como lobistas da pasta e supostamente pediam propina a prefeitos para destravar recursos.

Depois, Bolsonaro também citou o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães como alvo de perseguição. Ele pediu demissão do banco público no dia 29 de junho de 2022 após funcionárias relatarem terem sido vítimas de assédio sexual.