SÃO PAULO, 26 NOV (ANSA) – O relatório final da investigação da Polícia Federal (PF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “tinha plena consciência e participação ativa” nas ações do grupo.   

De acordo com uma das passagens do documento, que teve seu sigilo derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF diz que o ex-mandatário “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado”.   

“Dando prosseguimento à execução do plano criminoso, o grupo iniciou a prática de atos clandestinos com o escopo de promover a abolição do Estado Democrático de Direito, dos quais Jair Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa”, diz o documento.   

A PF ainda destaca que Bolsonaro exerceu uma “pressão” em cima do Exército para que prestasse auxílio no decorrer do plano, além de ter recebido um esboço da chamada “minuta do golpe”. Na oportunidade, o então presidente teria solicitado mudanças no texto.   

No relatório, que foi entregue ao STF na quinta passada (21), foram indiciados Bolsonaro e outras 36 pessoas investigadas pelos supostos crimes de abolição violenta do Estado de Direito, Golpe de Estado e associação criminosa.   

Moraes retirou o sigilo do documento de quase 900 páginas elaborado pela PF durante quase dois anos. No entanto, o magistrado manteve sob sigilo o conteúdo da delação do tenene-coronel Mauro Cid, o ex-auxiliar de ordens de Bolsonaro, justificando que há “existência de diligências em curso e outras em fase de deliberação” envolvendo o relato.   

Segundo a PF, militares ligados a Bolsonaro teriam planejado, em 2022, o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de seu vice, Geraldo Alckmin, e de Moraes.   

Questionado sobre o assunto, Bolsonaro negou ter articulado a tentativa de golpe. (ANSA).