Em seu primeiro compromisso público como presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) visitou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a quem dedicou sua vitória. Reunido no gabinete do tucano com a presença do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), Maia agradeceu o empenho dos colegas na articulação por sua eleição.

“Eu não poderia deixar de, assim que saísse de casa hoje, visitar quem construiu comigo na base essa vitória. Essa vitória eu devo a todos, mas na origem, devo a Aécio Neves. Na vida, a gente tem que ser grato àqueles que entram num projeto quando poucos acreditam”, disse o presidente da Câmara.

Segundo Maia, foi Aécio que, com o conhecimento de quem já foi presidente da Câmara, desenhou a estratégia e participou da construção das alianças necessárias para sua eleição. “A nossa vitória foi construída no domingo à noite, numa conversa com Aécio, Imbassahy e o ministro da Educação, Mendonça Filho”, disse.

A presença de Maia no segundo turno parecia pouco provável até o dia da eleição. A atual oposição, composta pelo PT, PCdoB e PDT, estava disposta a apoiar a candidatura do ex-ministro de Dilma Rousseff Marcelo Castro (PMDB-PI). Uma reviravolta estratégica trouxe os votos dos aliados de Dilma para Maia, com o intuito de evitar, a qualquer custo, uma nova ascensão do chamado Centrão, representado na eleição por Rogério Rosso (PSD-DF).

Maia assume a Câmara com uma aparente divisão na base do governo de Michel Temer, que colocou de um lado a “antiga oposição”, composta por PSDB, DEM e PPS, e de outro o Centrão, formado por partidos pequenos e nanicos. O novo presidente dos deputados, entretanto, minimizou a divisão.

“Não foi uma vitória da ‘antiga oposição’, foi uma vitória da Casa. Temos que olhar para o futuro e não para o passado. Não vamos mais separar a base como ‘antiga oposição’ e ‘Centrão’. Isso tudo está atrapalhando o Brasil. Vamos trabalhar em conjunto para que o governo tenha uma base unida”, declarou.

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Apesar disso, Maia não poupou o Centrão de críticas veladas. Ao ser questionado sobre possível interferência na escolha do líder do governo na Câmara, em referência ao Centrão, o deputado fez questão de deixar claro que não faz parte do grupo que pressiona o governo.

“Eu não sou líder do governo. Eu sou o presidente da Câmara dos Deputados, dos 513 deputados. Quem indica o líder do governo é o presidente da República. Como eu não faço parte do bloco que pressiona o governo para indicar líder, eu não vou fazer isso”, respondeu.

Reforma política

Maia demonstrou seu interesse de trabalhar em conjunto com o Senado Federal. Ainda nesta quinta-feira, 14, o novo presidente da Câmara irá se encontrar com o presidente em exercício, Michel Temer, e prometeu se reunir em seguida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre as pautas prioritárias, Maia apontou a agenda econômica do governo, mas pontuou em especial a reforma política, proposta que credenciou mais uma vez ao aliado Aécio Neves.

“Aécio Neves está trazendo uma pauta importante, que é a da reforma política. O sistema político faliu, ruiu, e a ideia do senador Aécio Neves vem em boa hora. A reforma política talvez seja, fora da pauta econômica, uma agenda urgente”, defendeu.

Durante o encontro, Aécio Neves entregou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que registrou ontem no Senado, em conjunto com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). De acordo com o tucano, os dois pontos principais da proposta são o fim de coligações proporcionais e o restabelecimento de uma cláusula de barreira, que exige um número mínimo de votos para atuação de um partido ou parlamentar.

O objetivo de Aécio é diminuir a quantidade de legendas políticas que, segundo ele, hoje inviabilizam a atuação no Poder Legislativo. A PEC começa a tramitar pelo Senado, mas Aécio disse que gostaria, desde já, contar com o apoio do novo presidente da Câmara.

O tucano elogiou a eleição de Rodrigo Maia e disse que a vitória irá “oxigenar a política brasileira”. Segundo Aécio, um compromisso de Maia, e que ele já tem posto em prática, é a “pacificação política” e a união dos blocos em torno de um objetivo comum.


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