Com o Flamengo como o grande favorito para revalidar o título, o campeonato brasileiro da Série A começa neste sábado sem a presença do público, três meses atrasado devido à pandemia de coronavírus, e sem que ela tenha sido controlada.

O Campeonato Carioca foi o primeiro torneio esportivo da América do Sul a ser retomado, no dia 18 de junho, embora cercado de muita controvérsia. Fluminense e Botafogo, que se recusavam a jogar alegando riscos à saúde, acabaram acatando uma decisão judicial.

Naquele momento, havia cerca de 978.000 contaminados no Brasil e 47.748 mortos. Nesta quarta-feira, o país (o segundo mais afetado depois dos Estados Unidos em números absolutos), tem 2,8 milhões de afetados e mais de 96 mil mortos.

– Centenas de casos –

O segundo torneio regional a voltar, o Catarinense, foi suspenso três dias após o seu reinício devido a um surto de casos.

Mais de 100 jogadores das 20 equipes da Série A de Brasileirão apresentaram resultados positivos para COVID-19 até a semana passada, embora a maioria já tenha se recuperado. O mais afetado foi o Corinthians, onde pelo menos 23 de seus 33 jogadores de futebol foram infectados.

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Apesar desses alertas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) garante que tomou todas as medidas de segurança para o torneio nacional.

Isso inclui jogar sem público, realizar testes constantes de detecção do vírus e limitar a presença de pessoas com acesso aos vestiários e ao estádio nos dias de jogo.

Outro desafio será o longo deslocamento das equipes em um país de dimensões continentais.

Na primeira rodada, o Athletico Paranaense deverá viajar do Paraná para o Ceará, mais de 3.000 km, onde será recebido pelo Fortaleza.

A CBF estabeleceu que os jogadores, a comissão técnica e os árbitros de cada partida sejam submetidos a um teste de detecção do vírus 72 horas antes de cada partida. E todos os estádios serão higienizados quatro horas antes.

– Menos equilíbrio –

No âmbito esportivo, depois de ser considerado por muitos anos o campeonato mais equilibrado do mundo, o Brasileirão viu essa paridade diminuir nos últimos anos.

Se em 2020 Flamengo, Fluminense, Corinthians ou Palmeiras conquistarem o título, será a primeira vez desde a década de 1960 que cinco times terão sido campeões em uma década (o outro campeão é o Cruzeiro, que este ano vai disputar a Série B). Na década de 80, foram 9 campeões.

O Flamengo, que no ano passado venceu o Brasileiro com autoridade e conquistou a Libertadores, é o grande favorito para repetir o título, embora tenha perdido há alguns dias o grande arquiteto de seu sucesso em 2019, o técnico português Jorge Jesus, que aceitou uma oferta do Benfica de Lisboa.

Para substituí-lo, o clube carioca optou por outro europeu, o catalão Domènec Torrent, assistente de Pep Guardiola durante uma década e cuja única experiência comandando um time de renome foi de um ano e meio no New York City dos Estados Unidos.

Outro favorito é o Palmeiras, campeão em 2016 e 2018, embora ainda não se saiba como ele vai responder à perda de seu astro, o craque Dudu, que se transferiu para o futebol do Catar. O clube da capital paulista optou por não contratar ninguém em seu lugar, contando com seu amplo elenco.


Sem o poder econômico de Flamengo e Palmeiras, o São Paulo, do veterano Daniel Alves, o Atlético Mineiro, do técnico argentino Jorge Sampaoli, e os dois times de Porto Alegre, Grêmio e Internacional, correm por fora.

Quem merece um capítulo à parte é o recém promovido Bragantino, que no ano passado assinou um acordo de associação com a multinacional Red Bull, seguindo o exemplo do Salzburg austríaco, o Leipzig alemão e o New York americano. O time paulista formou uma equipe cheia de jovens promissores, com os quais aspira, no mínimo, a se classificar para a próxima Libertadores.

O Brasileirão de 2020 terminará no ano que vem, devido ao atraso inicial. Inicialmente, ele seria disputado de 2 de maio a 6 de dezembro. No novo calendário, ele ocorrerá de 8 de agosto a 24 de fevereiro de 2021.

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