Em novo vídeo, Zé Manoel se despe de camadas para celebrar a natureza e a memória

Gravada em Pernambuco, a obra traduz a estética do álbum em imagens de vulnerabilidade e reconexão; 'É um ato de reconciliação', afirma o pianista

Zé Manoel no clipe de 'Coral'
Zé Manoel no clipe de 'Coral' Foto: Reprodução

Após a repercussão positiva do álbum Coral, o cantor, compositor e pianista Zé Manoel apresenta o videoclipe da faixa-título. A obra audiovisual, lançada nesta semana, traduz em imagem a essência poética e sensorial do disco, revelando o artista em estado de vulnerabilidade e entrega à natureza.

  • A direção: o clipe é assinado por Tiago Di Mauro, que aposta em um apuro estético cinematográfico;

  • O conceito: o corpo nu do artista surge não como choque, mas como símbolo de despojamento e retorno à origem;

  • A locação: filmado em Pernambuco, o vídeo explora as cores do Atlântico e a simbologia das águas;

  • O artista: Zé Manoel é reconhecido pela fusão entre a música popular brasileira, a linguagem orquestral e raízes afro-diaspóricas.

Mais do que uma representação literal da canção, o vídeo propõe um gesto de verdade. O registro reflete o desejo de se despir de camadas sociais e estéticas para revelar o corpo como casa da voz e da memória ancestral.

“O corpo é o meu primeiro instrumento. Antes de qualquer canto, há o silêncio e o som da pele. O clipe de Coral é um ato de reconciliação com a própria natureza. É um renascimento, uma oferenda às águas e às minhas origens”, afirma Zé Manoel.

Estética e ancestralidade

O clipe equilibra a força física e a leveza da água, evocando imagens de transcendência. A paleta de cores — que transita entre o azul profundo, o vermelho e reflexos dourados — dialoga diretamente com o imaginário dos corais e do oceano, símbolos recorrentes na obra do pernambucano, onde o Atlântico é visto como território de travessia e cura.

Com direção de arte minimalista, Coral se insere na linhagem de obras visuais que tratam o corpo negro com dignidade, beleza e espiritualidade. Trata-se de uma meditação sobre o ato de existir plenamente: um corpo que canta, sente e resiste.