Em monólogo, Ester Laccava narra odisseia de mulher em busca da felicidade no sertão

Segunda parte da trilogia 'Grito de Mulher', espetáculo entra em cartaz no Teatro Alfredo Mesquita no dia 21 de março

Ester Laccava na trilogia
Ester Laccava na trilogia 'Grito de Mulher' Foto: João Caldas/Divulgação

Na segunda peça da trilogia Grito de MulherA Árvore Seca”, Ester Laccava narra em primeira pessoa a história de uma mulher que transcende sua infertilidade e arranca, à força, felicidade nos pequenos momentos de sua vida no sertão. O texto poético, baseado na literatura de cordel, se reveza com depoimentos autobiográficos da atriz. O espetáculo entra em temporada gratuita no Teatro Alfredo Mesquita, em Santana, de 21 de março a 13 e abril.

A ideia do texto nasceu na Bahia, em Feira de Santana, onde a atriz passava alguns dias, em 2005. Antes já havia conhecido Alexandre Sansão, jovem que ousava arrebatá-la com seus textos em cordel.  Ester encomendou ao moço um monólogo sobre uma velha no sertão. Deixou- o completamente assustado quando falou que poderia escrever o que quisesse.

Ester  havia feito um filme com Leandro Goddinho e Antonio Vanfill, os diretores de A árvore seca, também rapazes muito jovens, que compartilharam com ela seus talentos, deixando-a encantada.

“As pessoas são muito importantes pra mim, e e este projeto juntou algumas delas como se, de repente, acordássemos todos num texto de Cordel, e eu me sinto mais jovem do que todos eles juntos. Durante o tempo todo de preparação, A Árvore Seca acabou se tornando um rio onde me deixo mergulhar sem medo de abrir os olhos embaixo da água. Os ensaios se pegavam dormindo em mim, nas noites em que desconstruía aquele fluxo. Eu ia e vinha e me descubria várias vezes, várias vezes eu me descubria. Tudo que existe é esse momento”, diz Ester.

O sertão do ser humano não tem ponte. É universal. Os sentimentos básicos acometem todos nó,s independente de qualquer diferença. O medo, a alegria, o desejo, a raiva, a tristeza, etc, são sentimentos indentificados de maneira muito parecida na humanidade toda.

A Árvore Seca percorreu lugares inusitados. Em 2013, apresentou-se na Alemanha, no Theater Einstein, depois no festival de Valongo, no Porto, e até na casa de um caiçara no litoral Norte de São Paulo. Foi feita, ainda, em uma boate em Passa Quatro,  Minas Gerais, com espelhos e poly dance.

Trajetória

Com 43 anos de teatro, esta atriz, performer, autora e diretora paulistana, filha de italiana, continua inquieta quando fala do seu ofício, e das suas escolhas.

Foi exemplo como produtora ao traduzir, elencar, atuar e produzir um dos maiores sucessos do teatro paulistano A Festa de Abigaiú, em 2007, onde, com ilustres desconhecidos, inclusive ela, arrebatou o público e permaneceu 4 anos em cartaz fazendo filas nos teatros onde passava.

Antes disso, já havia conquistado a crítica especializada com os espetáculos O Belo indiferente, em 2003; Garotas da Quadra, em 2004, Volta ao lar, em 2005; Piscina sem água, em 2010.

Indicada 4x ao prêmio Shell de Melhor Atriz. Indicada ao prêmio Bibi Ferreira. Indicada ao APCA e com este espetáculo foi indicada novamente ao APCA de melhor atriz. Ester deu aula de dança em Washington (USA) durante um semestre em 1984 na cidade de Yelm.

De 1984 a 1988 enriqueceu seu currículo com duas temporadas fora do Brasil, em Chicago como atriz em No Exit, de Jean Paul Sartre, direção de KaterineAnstiti, e em Paris como assistente de direção na Lactoratdu Cinema Jean Paul Violin.

Com “Garotas da Quadra”, de Rebecca Prichard, espetáculo viabilizado pelo VIII Cultura Inglesa Festival, adaptação e direção de Mário Bortolotto, recebeu duas indicações ao prêmio Shell 2004 de melhor atriz e melhor tradução.

Como produtora e atriz em “A Festa de Abigaiu” foi vencedora do 11° Cultura Inglesa Festival, ganhando também o prêmio de melhor produção. Também foi indicada pela Revista VEJA SP como melhor peça de teatro em 2007. Como protagonista do espetáculo recebeu indicação ao Prêmio Shell 2008 na categoria de melhor atriz.

Em 2010 produziu “Piscina sem Água” de Mark Havenhill, e atuou como atriz, ganhando o prêmio de melhor espetáculo do 11º Cultura Inglesa Festival. Concebeu “A Árvore Seca”, de Alexandre Sansão, aventurando-se também na Trilha Sonora do espetáculo. Monólogo baseado na literatura de Cordel, rendeu-lhe a 4ª indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz de 2011.

Em 2014 produz e atua no Sesc Belenzinho, Centro Cultural São Paulo, Teatro Cacilda Becker e Itaú Cultural, com o espetáculo “Pedra de paciência” texto de AtiqHahime e direção de Fernanda Dumbra. Em 2019 foi indicada ao prêmio APCA de melhor atriz em OSSADA, a direção é também de Ester.

Indicada no mesmo ano de 2020, ao prêmio Bibi Ferreira, de melhor atriz no espetáculo “Uísque e Vergonha”, adaptação de Michele Ferreira e direção de Nelson Baskervile. Em 2020 adaptou e realizou seus espetáculos para a linguagem das lives. Com texto de Silvia Gomez “A árvore”, projeto idealizado e interpretado por Alessandra Negrini, Ester realiza a criação, roteirização e direção desse híbrido peça –filme.

Estreou em 17 de setembro de 2021, “Da natureza da Besta”, espetáculo de dança com sua dramaturgia e direção, no Centro Cultural São Paulo. Participou com o espetáculo “A árvore Seca” em vários festivais nacionais e internacionais como Alemanha e Portugal. Em 2015 participou do festival de teatro de Valongo (Porto), com “A pedra de paciência”, de AtiqHahime, premiado cineasta e escritor do Oscar e do Goncour em 2008 com esse romance.

Em 2020, foi convidada para dar uma formação para jovens criadores em Portugal. Em outubro de 2022, comemorou 40 anos de carreira no Sesc Paulista com o espetáculo: “OURO [O]CULTO” escrito, dirigido e atuação de Ester Laccava com os atores Eduardo Reyes e Vanderlei Bernadino e com uma banda de jazz ao vivo. Em 2024 adaptou e dirigiu o texto de Flávio Cafiero “Diga que não me conhece”.

Serviço

“A Árvore Seca”, monólogo com Ester LaccavaEstreia dia 21 de março, às 20h

Teatro Alfredo Mesquita –  Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP

Temporada – de 21/03 a 13/04

Horário – sexta e sábado é às 20h e domingo é às 19h. Dia 20/03 será o ensaio aberto

Ingressos: entrada gratuita

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos

Duração: 50 minutos.