Em missa no Vaticano, cardeal pede que fiéis avancem no legado do papa Francisco

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Missa é celebrada na Praça de São Pedro, Vaticano, um dia após o sepultamento do papa Francisco Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters

Em missa realizada no Vaticano um dia após o sepultamento do papa Francisco, o cardeal Pietro Parolin afirmou que o argentino colocou a misericórdia e o amor no centro de seu pontificado e pediu que os católicos sigam esse preceito além da “emoção do momento” pela morte do líder.

“[Francisco] nos lembrou que a misericórdia é nome próprio de Deus e, portanto, ninguém pode colocar limites ao seu amor misericordioso (…) é importante, queridos irmãos e irmãs, acolher como um precioso tesouro esta indicação na qual o papa Francisco tanto insistiu. Nosso carinho por ele não deve permanecer uma simples emoção do momento. Devemos acolher seu legado e torná-lo vida vivida, abrindo-nos à misericórdia de Deus e tornando-nos também nós misericordiosos uns para com os outros”, afirmou neste domingo, 27.

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Parolin discursou para mais de 200 mil pessoas na Praça de São Pedro, onde aconteceria a cerimônia de canonização do beato Carlo Acutis, conhecido como o primeiro santo ‘millennial’ da igreja católica. O evento foi adiado em razão do falecimento do papa.

Posição da igreja

Desde a morte de Francisco, vitimado por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 21 de abril, lideranças do catolicismo têm buscado elogiar a atuação do argentino pela abertura do diálogo com outras religiões e recortes sociais e uso da posição institucional para pregar contra a guerra.

Na missa de sepultamento, que reuniu líderes de todo o mundo e mais de 250 mil pessoas no sábado, 26, o decano do cardinalato, Giovanni Battista Re, afirmou que o pontífice “levantou incessantemente sua voz” pela paz e pela “construção de pontes” em um período de eclosão de guerras.

Nos 12 anos de papado de Francisco, conflitos entre a Rússia e a Ucrânia e entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, na Faixa de Gaza, causaram milhares de mortes e alteraram a configuração demográfica das regiões. Em ambos e outros casos, o argentino pediu para que as nações construíssem soluções.

Na avaliação de pesquisadores vaticanistas, a exaltação à postura é também um recado das lideranças para que a escolha do próximo pontífice passe pela defesa institucional do pacifismo. O conclave, em que 135 cardeais elegerão seu próximo líder, deve começar entre 6 e 11 de maio.