Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes trocaram um aperto de mão na solenidade de posse de três novos ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), nesta sexta-feira, em meio a duros embates protagonizados pelas duas autoridades.

Durante a solenidade, o presidente do TST, Emmanoel Pereira, anunciou que iria quebrar “um pouquinho” o protocolo e permitiu que Bolsonaro, sentado a seu lado na sessão, condecorasse parte dos ministros que tomaram posse que estavam à sua direita. “Sempre à direita”, brincou o chefe de Estado, sob risos e aplausos.

Antes desse ato, o presidente dirigiu-se pessoalmente e cumprimentou com abraços quatro magistrados e, em seguida, fez um sinal com a mão para que Moraes, sentado em uma fileira à esquerda, se levantasse e o cumprimentou com um aperto de mão e um tapa no ombro, o que foi retribuído pelo ministro do STF.

O cumprimento de Bolsonaro e Moraes, que teve uma rápida troca de palavras inaudível, gerou aplausos da plateia. Depois disso, o presidente condecorou os novos ministros do TST e posou para fotos. Ele estava sorridente durante todo o evento, enquanto Moraes permaneceu mais contido.

Pouco antes do final da solenidade, que não contou com falas do presidente e do ministro do STF, o cerimonial do TST, em nome do presidente da corte, agradeceu a presença das autoridades e citou inicialmente Moraes. Ele foi efusivamente aplaudido durante 26 segundos, e fez um aceno e um sinal de positivo, com um leve sorriso. Nesse momento, Bolsonaro ficou com a expressão fechada.

Nos últimos dias, além da escalada na contundência dos ataques verbais, o presidente lançou uma ofensiva jurídica contra Moraes. Ele tentou processá-lo por abuso de autoridade no Supremo pela condução do inquérito das Fake News, mas o ministro Dias Toffoli rejeitou o pedido. Ato contínuo, entrou com novo pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigasse Moraes pelo mesmo fato — mas, conforme a Reuters apurou, o pedido também não deve prosperar.

Moraes será o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições, e Bolsonaro –que está em segundo lugar nas principais pesquisas na corrida ao Palácio do Planalto–, voltou a colocar em dúvida o processo eleitoral, ameaçando não aceitar um eventual resultado desfavorável aferido pelas urnas eletrônicas.

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