O cardeal australiano George Pell, absolvido em um caso de pedofilia na Austrália e que chegou a Roma recentemente, afirma em um livro escrito na prisão que seu “conservadorismo” pode ter “exacerbado a hostilidade popular”.

Em trechos publicados nesta quinta-feira no jornal religioso italiano “Il Timone”, o ex-secretário de economia do papa Francisco relata sua estadia na cela da prisão de Melbourne, de sete metros por dois, na mesma seção que um “terrorista muçulmano” junto com outros detidos que “gritavam desesperadamente à noite”.

O cardeal, que em março de 2019 relatou sua emoção ao receber 80 cartas de apoio, confirma seu grande apego aos valores conservadores da Igreja e estima que seus posicionamentos podem ter lhe prejudicado.

“Meu conservadorismo social e a defesa da ética judaico-cristã exacerbaram a hostilidade popular, principalmente entre os militantes laicos”, considera.

O cardeal, que em 2002 na Austrália se recusou a dar a comunhão aos casais homossexuais, comenta com preocupação a legalização dos casamentos do mesmo sexo em 2017 após um referendo em seu país.

Seu livro será publicado em inglês nos Estados Unidos na editoria Ignatius Press na próxima primavera (H. Norte).

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O ex-secretário de Economia do papa Francisco chegou da Austrália em Roma na quarta-feira, depois de três anos de ausência.

O cardeal foi condenado em março de 2019 a seis anos de prisão por estupros e agressões sexuais a dois coroinhas em 1996 e 1997 na catedral de San Patricio de Melbourne (sudeste), da qual era arcebispo.

Sua condenação, confirmada após recurso, foi revogada pelo Tribunal Superior da Austrália, que o absolveu em abril de cinco acusações de violência sexual, pelo benefício da dúvida.

Pell ficou preso por mais de um ano.


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