No segundo mandato como presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi o convidado desta sexta-feira (29) para live da IstoÉ.

O deputado revelou como está sendo o trabalho da Câmara no combate à Covid-19, a relação entre os Poderes e principalmente como está o andamento das Reformas no Congresso. Além disso, Maia deu sua opinião sobre a repercussão da reunião ministerial e a operação deflagrada contra as fake news.

Conflitos entre os Poderes

O presidente da Câmara fez questão de frisar que seu foco está no combate à pandemia e que todos os esforços estão sendo feitos nesse sentido. No entanto, o parlamentar explicou que os embates entre os Poderes em meio à crise sanitária prejudica não só presente como o pós-pandemia.

“Tudo isso vai gerando uma grande insegurança na sociedade, uma grande insegurança dos investidores. A gente sabe que o Brasil é um País pobre, um País com pouca poupança interna. Nós dependemos muitos dos investidores externos, principalmente no segundo momento, quando o Brasil vai precisar recuperar sua economia”.

Maia destacou ainda que a relação da dívida PIB (Produto Interno Bruto) que estava em 75%, posteriormente vai atingir quase 100%.

“Nós vamos ter um momento muito difícil, com a perda de muitas vidas. E na hora que a gente [Brasil] vai precisar crescer 3 ou 4% ao ano para se recuperar dessa crise. Nós vamos correr o risco do Brasil crescer novamente 1%. Com um custo ainda maior para os brasileiros”, completou.

Pedidos de Impeachment contra Bolsonaro

Questionado sobre os processos de impeachment do presidente enviado para Câmara, Rodrigo frisou que em um momento adequado a Câmara irá avaliar se houve ou não crime de responsabilidade de Bolsonaro.

“Primeiro, a nossa prioridade é salvar vidas e garantir emprego e renda. Segundo, que esse é um processo político, que precisa ser avaliado com muito cuidado e com muita isenção. O presidente da Câmara na hora de decidir sobre um processo de impeachment ele é um juiz. Então não cabe ao presidente ter opinião sobre esse tema”.

Perguntado sobre o tom das declarações da família Bolsonaro em relação ao trabalhos dos demais poderes, Maia disse que considera que há um extremismo e que as instituições competentes devem analisar se cabe punição;

“O STF tem trabalhando de forma independente, o Congresso tem trabalhado de forma independente. Desde o ano passado eu fui alvo deles [família Bolsonaro], nunca mudei minha postura de respeito ao presidente, mas sempre pautando a Câmara com aquilo que eu e os líderes achamos o caminho adequado”.

Centrão

Sobre a aproximação de Bolsonaro com partidos do chamado “Centrão” no Congresso, Maia entende que a ação seja natural e dentro dos padrões democráticos.

“As relações entre o Legislativo e o Executivo elas precisam existir de forma transparente, é legítimo que o governo tente constituir uma base. A Dilma tinha base, então o problema não é uma base. A gente precisa ter clareza que esse é um processo político”, explica Maia.

Fake news

Em relação a operação contra as fake news deflagrada nesta semana, o deputado federal disse que o assunto o “precisa de uma solução”.

“Nós precisamos responsabilizar aqueles se utilizam de fake news e as plataformas que muitas vezes são instrumentos através de robôs para divulgação e disseminação do ódio. Ninguém suporta mais tantas informações erradas”.

Além disso, o parlamentar relatou que a CPMI das Fake News está em andamento no Congresso e citou a importância da convergência da investigação com a operação contra suspeitos de disseminar notícias falsas nas redes sociais feita pela Polícia Federal.

“É importante para que a gente conheça os mecanismos que viralizam o ódio e disseminam informações falsas para que a gente possa construir uma Lei, que de fato puna e responsabilize não apenas as plataformas, mas aqueles que trabalham com informações falsas no nosso País”.

Reformas

A respeito das Reformas, Maia disse que em algumas semanas a Comissão mista deve voltar a discutir a Reforma Tributária. Já a Administrativa, o presidente disse que “estamos esperando o governo encaminhar. Essa é uma atribuição e responsabilidade do governo”.

“Lembrando que dos R$ 200 bilhões de gasto de pessoal, R$ 180 são do Poder Executivo, R$ 25 Poder Judiciário e R$ 5 Congresso Nacional. Então, nós precisamos que o governo federal mande a sua proposta, que representa a grande maioria da Reforma Administrativa”, ressaltou Maia.

“Precisamos melhorar a qualidade do gasto, reduzir o gasto médio que é muito alto em relação a salários do setor privado. Mas, principalmente como eu sempre digo a melhoria do gasto público. Nós gastamos muito!”, completou.

Reunião Ministerial

Um dos assuntos mais debatidos nos últimos dias foi a reunião entre o presidente Bolsonaro e seus ministros no último dia 22 de abril. O deputado filiado ao Democratas criticou, principalmente, o atual ministro da Educação, Abraham Weintraub.

“Um homem com essas qualidades não podeira ser ministro de pasta nenhuma, muito menos da Educação. É um drama para o Brasil, com toda a crise que a gente tem, ainda temos um ministro desqualificado como esse”, critico.

Sobre os planos políticos futuros, Rodrigo disse que pretende encerrar seu mandato como presidente da Câmara da melhor forma e que no momento está focado apenas no combate à pandemia.