Em primeira viagem ao Oriente Médio como ministra do Exterior, política verde afirma que Alemanha jamais esquecerá vítimas do nazismo. Por outro lado, criticou assentamentos israelenses em territórios palestinos.Em sua primeira viagem ao Oriente Médio como ministra do Exterior alemã, Annalena Baerbock apelou nesta quinta-feira (10/02), em Jerusalém, por uma luta contra o antissemitismo, destacando que a Alemanha não abandonará Israel.

Por outro lado, Baerbock criticou fortemente a construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos e defendeu a “solução de dois Estados” como opção mais viável para o conflito.

Na primeira parada da viagem de vários dias ao Oriente Médio, Baerbock colocou uma coroa de flores no memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, em homenagem aos 6 milhões de judeus assassinados pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

A ministra disse que é “obrigação incondicional” da geração mais jovem manter viva a memória do Holocausto, especialmente porque “há cada vez menos testemunhas entre nós”: “O Yad Vashem nos exorta a ouvir as vozes dos que experimentaram o horror e a transmitir suas palavras.”

A política do Partido Verde também visitou o Memorial das Crianças, erguido em 1987, que lembra os cerca de 1,5 milhão de meninos e meninas mortos pelos nazistas. “Como mãe de duas filhas, sinto um aperto na garganta ao pensar nas crianças que foram assassinadas”, emocionou-se.

Antes de partir para Israel, Baerbock dissera que a Alemanha manterá sua “responsabilidade histórica” pela segurança do país amigo.

Luta contra antissemitismo

Depois de visitar o Yad Vashem, Baerbock encontrou-se em Tel Aviv com seu homólogo israelense, Yair Lapid, prometendo que o novo governo de centro-esquerda da Alemanha continuaria solidário ao país. Lapid enfatizou que a amizade entre os dois países se baseia no fato de que o passado não é negado.

Ambas as nações querem fortalecer conjuntamente a luta contra o crescente antissemitismo na Alemanha e no mundo. Para isso, segundo a ministra, o intercâmbio entre jovens dos dois países também deve ser intensificado, a fim de que os ensinamentos ocorram para além dos livros e cadernos escolares.

Outro tema debatido foi o programa nuclear iraniano. Segundo Lapid, um Irã com armas nucleares seria um perigo não apenas para Israel, mas para o mundo em geral. Na agenda, também estavam previstos encontros com o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, e com o presidente Isaac Herzog.

Baerbock defende “solução de dois Estados”

De acordo com o Ministério do Exterior da Alemanha, o processo de paz no Oriente Médio será uma prioridade nas conversas de Baerbock com os líderes regionais.

“Mesmo que o conflito no Oriente Médio pareça para muitos uma crise que sempre existiu, não podemos aceitá-lo como o status quo”, disse Baerbock antes de partir.

Nesta quinta-feira, após se encontrar com Lapid, ela afirmou novamente que uma “solução de dois Estados” no conflito entre Israel e os palestinos seria “a melhor opção” para ambos os lados.

Ela prometeu que a Alemanha fará o possível para apoiar a retomada das negociações diretas entre israelenses e palestinos, com vista a um acordo. O processo de paz entre Israel e os palestinos está praticamente parado desde 2014.

Baerbock criticou a construção de assentamentos israelenses em território reivindicado por palestinos na Cisjordânia como uma ameaça ao processo de paz: “Consideramos isso prejudicial e incompatível com a lei internacional”, destacou.

A ideia de criar dois Estados, um palestino e um israelense, na região da Palestina histórica é praticamente tão antiga quanto o conflito em si. A “solução de dois Estados” foi mencionada pela primeira vez na chamada Comissão Peel, criada durante o Mandato Britânico da Palestina (1922-1947). Ali, em 7 de julho de 1937, foi sugerida pela primeira vez a divisão da região em dois países.

Estão também previstos encontros , em Ramallah, na Cisjordânia, com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o ministro do Exterior, Riad Malki. À noite, Baerbock viaja de Israel para a Jordânia, antes de seguir para o Egito para negociações no sábado.

le/av (DPA, KNA, AFP, Reuters, ots)