Em discurso da vitória, Alcolumbre diz que vai preservar independência do Senado

Presidente eleito do Senado ainda destacou desafios entre os Três Poderes

Davi Alcolumbre
Davi Alcolumbre Foto: Geraldo Magela

Com discurso voltado ao público interno pouco antes da votação, Alcolumbre se comprometeu a trabalhar pela independência do Senado e por suas prerrogativas, lembrando de tensões com o Judiciário envolvendo a liberação de emendas parlamentares e discordâncias com a Câmara sobre a tramitação de matérias.

“Meu primeiro compromisso como presidente desta Casa será com a defesa da voz do povo: o mandato parlamentar”, disse Alcolumbre ao discursar antes da votação. “Um compromisso com a proteção das garantias e prerrogativas de senadoras e senadores e com a preservação da independência do Senado Federal.”

O senador referiu-se a “desafios” no relacionamento ente os Três Poderes da República, citando “tensões e desentendimentos”.

“Entre esses desafios, destaco a recente controvérsia envolvendo as emendas parlamentares ao Orçamento, que culminou em debates e decisões com o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo”, disse.

Atualmente, parlamentares controlam quase um quarto dos recursos disponíveis para investimentos e implementação de políticas do governo por meio das emendas parlamentares, uma participação que cresceu significativamente na última década e tornou-se, em parte, de execução impositiva.

A disputa pelo controle do Orçamento entre Executivo e Legislativo também arrastou o Judiciário, que virou alvo de críticas dos deputados e senadores, entre outros motivos, por buscar impor regras de transparência e rastreabilidade para recursos orçamentários via emendas.

O senador, de 47 anos, já presidiu a Casa uma vez, de 2019 a 2021, e elegeu seu sucessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que agora deixa o comando da Casa.

Apesar da promessa de independência em relação ao governo, uma fonte próxima a Alcolumbre disse que ele tem uma “excelente” relação com Lula e deve ajudar o governo em suas pautas de interesse, como a regulamentação da reforma tributária.

Para uma fonte do PT, no entanto, a cooperação de Alcolumbre terá um preço para o governo, provalmente indicações para cargos-chave.

“Vamos fazer o que é certo para o Brasil, com responsabilidade fiscal, com seriedade e equilíbrio, resistindo aos discursos fáceis, às curtidas em redes sociais e aos aplausos momentâneos”, prometeu o senador eleito para a presidência da Casa.

Alcolumbre concorreu como favorito na eleição, mas outros senadores também haviam se candidatado ao posto de presidente da Casa: Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos Pontes (PL-SP) e Marcos do Val (Podemos-ES), além da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).

Pouco antes da votação, Marcos do Val e Soraya Thronicke retiraram suas candidaturas. Girão obteve 4 votos e Marcos Pontes também 4.

(Reportagem adicional de Ricardo Brito)