Os juros futuros de curto prazo fecharam a sessão regular perto dos ajustes anteriores, com viés de queda, enquanto as taxas de médio e longo prazos terminaram em baixa consistente, refletindo a reação positiva do investidor à decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de extinguir, daqui a dois anos, o prazo médio de repactuação mínimo (PRC) para os títulos de renda fixa dos fundos de investimento especialmente constituídos (FIE) de seguradoras e entidades abertas de previdência complementar. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de fevereiro, embora com preços de abertura bastante benignos, veio dentro do esperado e mexeu pouco com as taxas. O anúncio da Fitch Ratings de rebaixamento da nota de crédito do Brasil foi absorvido sem impacto nos negócios.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou com taxa de 6,570%, ante 6,590% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2020 encerrou a 7,61%, de 7,63%. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 8,56% para 8,52% e a do DI para janeiro de 2023, de 9,45% para 9,36%.

A decisão do CMN foi vista como o principal evento do dia para o mercado de juros, superando até mesmo o tão esperado IPCA-15 de fevereiro, de 0,38%, exatamente o que já apontava a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Foi a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real.

A medida do CMN, segundo os profissionais da renda fixa, trará grande alívio à ponta longa da curva porque vai reduzir a necessidade daqueles fundos de comprar papel longo para cumprir o PRC e travar o risco prefixado com posições em derivativos, o que distorcia os preços. A regulação anterior trazia uma exigência mínima de PRC (ou duration, no jargão do mercado financeiro) de dois anos para os títulos de renda fixa. A medida de quinta-feira cria uma transição até março de 2020, quando o PRC será extinto.

Quanto ao rebaixamento da nota brasileira, a reação do mercado foi nula, diante da percepção de que o evento era esperado, sobretudo pelo fato de a Standard & Poor’s já ter reduzido a nota em janeiro. “O anúncio de hoje é um ‘não evento’, nada que não estivesse previsto. E o mercado dá de ombros porque vê que o dinheiro não para de entrar no Brasil e segue comprando a ideia de que o próximo governo será reformista”, avaliou o economista da Órama Alexandre Espirito Santo.

A Fitch rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil, de BB para BB- e alterou, de negativa para estável, a perspectiva da nota.