O general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comandante de Operações Terrestres do Exército, se calou ao ser questionado, durante depoimento à Polícia Federal, sobre o motivo de ter sido chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma reunião horas após finalizar ajustes de uma suposta minuta para promover um golpe de Estado. A ISTOÉ teve acesso à oitiva, liberada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira, 15.

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Os investigadores expuseram ao general mensagens enviadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em um áudio, Cid disse que o então presidente vinha recebendo “várias pressões para tomar uma medida mais pesada onde (sic) ele vai, obviamente, utilizando as forças”.

Ao ser indagado sobre isso, o general afirmou que iria exercer o “direito de permanecer em silêncio por não ter o contexto das conversas” entre o t, e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freie Gomes.

Além disso, o tenente-coronel disse que Bolsonaro “enxugou o decreto” na manhã do dia 9 de dezembro de 2022 e que “comentou de falar com o general Theóphilo”.

Encontros com Bolsonaro

O general afirmou que todos os encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro foram intermediados por Freire Gomes, sendo alguns “a pedido” e outros “por ordem”.

Desses encontros, somente o realizado no dia 9 de dezembro foi a sós. O general não forneceu detalhes da conversa, limitou-se a dizer que não houve nenhuma sondagem para se realizar um golpe de Estado. “A reunião foi para ouvir lamentações do então presidente da República sobre o resultado das eleições, que apenas ouviu o presidente falando”, disse outro trecho do depoimento.

“Na reunião não foi tratado sobre uma possível minuta de golpe ou utilização de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), Estado de Defesa, Estado de Sítio ou Intervenção Federal”, completou.

O general destacou que as reuniões teriam ocorrido entre novembro e dezembro. O primeiro encontrou foi com Freire Gomes, para tratar de assuntos relacionados ao Exército. O último, na véspera do Natal, contou ainda com a presença dos generais Sérgio da Costa Negraes e Eduardo Antônio Fernandes.

De acordo com Theóphilo, o objetivo era “entregar um presente institucional do Exército ao então presidente Jair Bolsonaro”. O ex-comandante do Exército Freire Gomes participou do envio do presente mesmo após, durante reunião, ter ameaçado prender o ex-mandatário caso colocasse em prática os planos de um suposto golpe de Estado.