Mauro Cid confirmou para a Polícia Federal que o ex- presidente Jair Bolsonaro recebeu ‘em mãos’ o dinheiro proveniente da venda de relógios sauditas, presentes oficiais dados ao então mandatário. Um Patek Philippe e um Rolex teriam sido vendidos ainda em 2022, e o ex-ajudante de ordens foi o responsável pela transação financeira que resultou em US$ 68 mil, segundo mostrou reportagem da Veja nesta quinta-feira, 14.
+ Ministro Alexandre de Moraes homologa delação premiada de Mauro Cid
Resumo
- Mauro Cid contou que os US$ 68 mil, fruto da venda dos relógios recebidos pela Arábia Saudita, foram entregues ‘em mãos’ a Bolsonaro;
- Tenente-coronel deixou a prisão no último sábado, 9, após acordo de delação premiada;
- Bolsonaro disse que desconhecia o negócio da venda e não havia recebido nenhum dinheiro;
- Cid foi preso na Operação Venire da Polícia Federal em maio, sob investigação de falsificação da carteira de vacinação de Bolsonaro.
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal”, disse o ex-ajudante de ordens. O depoimento foi dado após o acordo de delação premiada com o Supremo, sendo obrigado a cumprir exigências impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, como uso da tornozeleira eletrônica e proibição de sair de casa durante a noite.
Vale ressaltar que os relógios não chegaram a passar pela lista de presentes oficiais recebidos pelo Executivo. O pagamento, ainda conforme acrescenta Cid, foi feito nos EUA e em parcelas.
A delação
Na quinta-feira, 7, a Polícia Federal (PF) aceitou o acordo de delação premiada com Mauro Cid. No sábado, 9, Moraes homologou a delação do tenente-coronel. O ministro do STF também concedeu liberdade provisória a Cid, com cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e limitação de sair de casa aos fins de semana e também à noite.
Mauro Cid também foi afastado de suas funções no Exército. Apesar disso, ele vai continuar recebendo salário de oficial superior, de R$ 27 mil. A instituição diz que o ex-ajudante de ordens da Presidência vai ficar agregado ao Departamento-Geral do Pessoal sem ocupar cargo.