Desde a eleição do presidente Donald Trump, em 2016, tem sido publicada uma série de livros sobre as ameaças à democracia não apenas nos EUA, mas em todo o mundo. “O Crepúsculo da Democracia – Como o Autoritarismo Seduz e as Amizades são Desfeitas em Nome da Política” trata do mesmo tema, mas com duas diferenças interessantes. A primeira é o talento narrativo da autora, Anne Applebaum, ganhadora do prêmio Pulitzer e uma das jornalistas mais famosas do mundo. A segunda característica é a temática da narrativa, mais voltada para
o comportamento da sociedade do que para definições sobre o regime político em si. A tese de Applebaum, colaboradora do jornal “Washington Post” e da revista “The Economist”, é que o totalitarismo não se instala a partir apenas da força de um líder carismático, mas graças a uma elite que o ajuda a iniciar uma guerra contra outros membros da mesma elite para obter benefício financeiro. “Os autoritários precisam de pessoas para promover tumultos ou iniciar golpes, mas também de gente que saiba usar uma sofisticada linguagem legal. Cidadãos capazes de afirmar que ir contra a Constituição do seu país ou distorcer as leis é a coisa certa a fazer”, diz a autora.

Uma especialista em ditaduras

Poucos analistas conhecem a influência do autoritarismo na sociedade tão bem quanto Anne Applebaum. Uma das primeiras jornalistas a alertar sobre a interferência russa nas eleições americanas, ela é autora de três livros sobre a União Soviética. “A Fome Vermelha: A Guerra de Stalin na Ucrânia”, “Cortina de Ferro: O Esfacelamento do Leste Europeu” e “Gulag: Uma História dos Campos de Concentração Soviéticos” – livro que lhe deu o Pullitzer. Em “O Crepúsculo da Democracia”, ela explica como partidos que nascem em um ambiente de liberdade passam a apoiar líderes nacionalistas para lucrar politicamente.