LA PAZ, 16 AGO (ANSA) – Por Patrizia Antonini – A Bolívia se prepara para as eleições gerais de 17 de agosto mergulhada em uma de suas piores crises econômicas, com a esquerda caminhando para o que parece ser sua primeira derrota em 20 anos.
O partido no poder, o Movimento ao Socialismo (MAS), está à beira de uma implosão. Evo Morales, seu fundador e primeiro presidente indígena do país, conduziu uma campanha eleitoral às escondidas, refugiado na selva.
A tentativa do ex-sindicalista de concorrer a um quarto mandato – barrada pela Justiça por ter ultrapassado o limite de reeleições – aprofundou a divisão no MAS e opôs Morales ao atual presidente da Bolívia, Luis Arce. Tudo isso em um contexto de intensos protestos sociais e um mandado de prisão contra o ex-líder por tráfico de pessoas envolvendo uma adolescente de 15 anos.
Apesar disso, Morales não desistiu e ainda espera uma vitória simbólica para contestar os resultados: sua estratégia é incentivar votos brancos e nulos. “Se os votos nulos chegarem a 25%, significa que eu venci”, declarou.
As pesquisas indicam um provável segundo turno em outubro, algo inédito na história do país, entre candidatos de direita.
Segundo o último levantamento da AtlasIntel, o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga, do partido Liberdade e Democracia (Libre), lidera as intenções de voto com 22,3%, seguido pelo postulante de centro-direita Samuel Doria Medina, da Unidade Nacional (UN), com 18%.
O presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, que se apresenta como mediador entre as facções rivais do MAS, aparece com 11,4%, atrás dos votos brancos e nulos (14,6%). Já Eduardo Del Castillo, candidato apoiado por Arce, está com apenas 8,1%, atrás até dos indecisos (8,4%).
Se essa tendência se mantiver, as eleições – que definirão o presidente, 36 senadores e 130 deputados – marcarão uma virada na dinâmica política das últimas duas décadas, nas quais o MAS sempre venceu no primeiro turno.
A atenção dos bolivianos está voltada principalmente para a economia. O país, que viveu anos de boom das commodities com exportações recordes e crescimento acelerado, agora enfrenta escassez de reservas em dólares, falta de combustível, desvalorização da moeda e inflação de cerca de 25% ao ano, entre outros problemas.
É nesse contexto que Quiroga ganha destaque. Conhecido como “Tuto”, ele foi o presidente mais jovem do país, em 2001, aos 41 anos, e agora se apresenta nas redes sociais com a hashtag #CambioRadical, ou “mudança radical”, prometendo retomar a produção, digitalizar o Estado, implementar políticas sociais focadas em educação e reformas para garantir a independência do Judiciário.
“Sou um homem da liberdade e do livre comércio”, disse ele em entrevista à CNN. (ANSA).