Em conversas realizadas com líderes partidários que têm aderido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer tem garantido que as legendas terão “espaço” num futuro governo. Segundo relatos, o vice tem tido, no entanto, cautela para não antecipar quais ministérios deverão ser distribuídos entre os partidos que deverão formar um novo governo de “coalizão”.

“Ele já tem um desenho formado na cabeça, mas não está tratando disso. Seria muito precipitado”, afirmou ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) Geddel Vieira Lima, primeiro secretário do PMDB e integrante do grupo mais próximo de Temer.

Integrantes do partido, que têm frequentado o Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, dizem que têm também orientado Temer a não dar início às negociações antes do desfecho do processo de impeachment no Senado. “Não é momento para tratar do assunto. Começaria a criar vários ruídos entre os partidos que irão compor o governo do Michel”, avaliou um integrante da cúpula do PMDB do Senado.

Diante dos avanços do desembarque do governo das principais legendas da “base aliada”, o Palácio do Jaburu virou ponto de romaria dos deputados que buscam se “apresentar” e levar uma palavra de apoio ao vice-presidente.

Um dia após anunciar que o PP votaria a favor do impeachment, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), se reuniu com o vice. A movimentação do senador tem sido, contudo, criticada por lideranças do PMDB. “Ele tem tomado café da manhã com a Dilma, almoçado com Temer e jantado com o Renan Calheiros. Três conversas diferentes. Não dá para confiar numa pessoa dessas”, considerou um integrante da cúpula do PMDB.

Representantes de outras legendas da base como o PSD e o PR também têm intensificado o corpo a corpo com o vice. Ontem foi a vez do PSC. De van, os deputados da legenda, formada em sua maioria por integrantes da bancada evangélica, desembarcaram na residência oficial do vice para “dar uma palavra de apoio” e fazer uma “oração” pelo peemedebista.

“O PSC já fechou 100% a favor do impeachment. Por isso, fomos cumprimentar o Michel e desejar boa sorte”, afirmou ao Broadcast o líder do PSC, André Moura (SE). Ele ressaltou que tem frequentado o Palácio ao menos quatro vezes por dia e em todas as ocasiões tem levado novos integrantes da bancada evangélica para apresentá-los a Temer.

“É um gesto de apoio, de solidariedade. Fizemos uma oração por ele, pelo Brasil”, afirmou o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP). Tanto Moura quanto Nascimento negam que tenha havido qualquer negociação a respeito de espaços para a legenda num futuro governo Temer.