Quando o Supremo Tribunal Federal eliminou o financiamento dos partidos por empresas privadas, imaginava blindar a política da corrupção e dos interesses escusos. A medida também foi utilizada demagogicamente por legendas enroladas na Lava Jato para justificar um novo período de ética na política. O resultado nefasto para o contribuinte não tardou.

“Se a decisão for de um valor menor para garantir que recursos não estão atingindo nenhuma área fundamental, é sempre a melhor solução” Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara (Crédito:Divulgação/ Camara do deputados)

A introdução do financiamento público criou uma escalada por verbas, que ganha novos capítulos a cada ano. Agora, o assalto ao bolso alheio se dá pela proposta de aumento do fundo eleitoral. Trata-se da verba pública que os partidos recebem para financiar campanhas em ano eleitoral. Em 2018, foi de R$ 1,7 bilhão. Agora, o relator da proposta de Orçamento para 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE), prevê aumentá-lo para R$ 3,8 bilhões. Conta com o apoio de presidentes e líderes de vários partidos, incluindo PP, MDB, PTB, PT, PSL, PL, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, DEM e Solidariedade.

O aumento só foi possível após a redução de R$ 1,7 bilhão nas verbas de vários ministérios, que atingiram áreas com impacto social. Só a saúde perdeu R$ 500 milhões. A educação foi garfada em R$ 280 milhões. Mesmo assim, o relator afirmou que o aumento não causaria prejuízos à população.

Diante da reação negativa, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o financiamento dos partidos não poderia prejudicar áreas prioritárias. Mas isso não demoveu os partidos. O presidente Jair Bolsonaro sinalizou que poderia vetar o aumento. Diante disso, os parlamentares debatem a possibilidade de encolher o fundo para R$ 2 bilhões, como havia sido proposto inicialmente pelo governo. Ainda é muito. Não faz sentido que as eleições municipais consumam mais dinheiro do que a escolha de presidente, governadores, do Congresso e dos legislativos estaduais.