Após a publicação de reportagem do jornal O Globo sobre uma gravação que compromete Michel Temer, entregue pelo empresário Joesley Batista ao Ministério Público Federal, há especulações sobre os cenários que levariam à saída do presidente. O Planalto já se pronunciou sobre o assunto, e disse que qualquer possibilidade de renúncia está descartada. A senadores que o visitaram hoje pela manhã no Palácio do Jaburu, Temer teria dito que é “vítima de uma conspiração” e prometeu resistir, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Deputados da base aliada do governo, no entanto, já admitem que as denúncias têm força para derrubar o mandato presidencial em caso de confirmação. O líder do Democratas (DEM), Efraim Filho (PB), admitiu a possibilidade de um impeachment contra o peemedebista ser aberto, mas apenas caso fique comprovado que Temer cometeu crime de responsabilidade. O partido de Efraim, forte aliado do PMDB, detém a presidência da Câmara e é responsável por aprovar ou negar os pedidos de impedimento protocolados na Casa.
Tanto em caso de renúncia como de impeachment, a sucessão seguiria o mesmo roteiro:
1. Segundo o artigo 81 da Constituição, a saída do presidente e seu vice nos últimos dois anos de mandato levaria a uma eleição indireta, em que deputados e senadores teriam direito a voto. O presidente do Senado teria de convocar as eleições em até 30 dias após a saída do cargo.
2. O novo presidente teria mandato apenas até as próximas eleições, em 2018.
3. Na eleição indireta, valem as mesmas regras para candidatura presidencial em um pleito normal. Qualquer brasileiro acima de 35 anos, filiado a um partido político e que não esteja implicado pela Lei da Ficha Limpa poderia se candidatar.
4. Durante o período de transição entre uma eventual saída de Temer a eleição indireta, a presidência da República seria ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na linha de sucessão, abaixou de Maia, ainda figuram o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e, por último, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.