O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou nesta quinta-feira (18/07) uma carta ao ex-presidente Jair Bolsonaro na qual reiterou seu apoio diante do que chamou de “terrível tratamento” que, em sua opinião, ele está recebendo da Justiça brasileira.
Trump também ressaltou o desejo de que a ação penal contra Bolsonaro pela acusação de tramar um golpe de Estado acabe “imediatamente” e que o “ridículo regime de censura” também acabe.
O presidente americano postou a carta em sua rede social Truth Social, plataforma na qual já havia se manifestado a favor de Bolsonaro e, no início do mês, havia dito queplaneja aplicar uma tarifa de 50% a produtos importados do Brasil a partir de agosto, justamente em retaliação ao processo contra Bolsonaro.
“Terrível tratamento”
“Vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente! Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país”, disse Trump na carta.
Ele também afirmou estar “muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo”.
“Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto”, concluiu.
Bolsonaro promete “enfrentar julgamento”
Bolsonaro disse também nesta quinta-feira que enfrentará seu julgamento porque não tem alternativa, embora, segundo ele, não exista “nada que o vincule” aos atos de 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Há apenas dois dias, Trump havia ressaltado que Bolsonaro é um “bom homem”.
“Ele ama seu país, lutou arduamente por essas pessoas, e querem colocá-lo na prisão. Acredito que é uma caça às bruxas e que é muito lamentável. Ninguém está feliz com o que o Brasil está fazendo, porque Bolsonaro era um presidente respeitado, muito respeitado”, declarou o presidente americano na ocasião.
Lula critica “chantagem” dos EUA
Também nesta quinta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar Trump pela decisão de impor barreiras tarifárias a produtos brasileiros e abrir uma investigação comercial contra o Brasil.
O petista reforçou o discurso de que o Brasil é soberano para lidar com seus problemas e subiu o tom sobre a investigação comercial aberta pela Casa Branca contra o Brasil, classificando-a como “chantagem inaceitável”. Em discurso durante um evento em Goiânia, ele disse que Trump se considera “imperador do mundo” e reiterou que não obedecerá ordens vindas de um “gringo”.
Durante um pronunciamento veiculado em rede nacional de TV ao final do dia, Lula acusou o presidente americano de estar fazendo uma “chantagem inaceitável” ao ameaçar aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.
Ele também defendeu o Judiciário brasileiro, dizendo que tentar interferir na Justiça do Brasil é “um grave atentado à soberania nacional”.
Depois da divulgação da carta de Trump dirigida a Bolsonaro, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, seguiu a mesma linha de Lula e classificou o texto como “chantagem” contra o Brasil.
“A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil. O estadunidense exige que o país desista da soberania nacional, de nossa Justiça e nossas leis, para desarmar as tarifas e sanções que ameaça impor ao país. Quanto mais se aproxima a hora do julgamento, mais claro fica que Bolsonaro coloca seus interesses acima de tudo, inclusive do Brasil e do povo brasileiro”, disse Hoffmann.
Íntegra da carta de Trump
“Prezado Sr. Bolsonaro,
Tenho observado o tratamento terrível que você está recebendo de um sistema injusto voltado contra você. Esse julgamento deveria acabar imediatamente! Não estou surpreso em ver que você lidera as pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte, que serviu bem ao seu país.
Compartilho do seu compromisso em ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — promovidos pelo governo atual.
Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política de tarifas.
É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar adversários políticos e ponha fim a esse regime de censura ridículo. Estarei observando de perto.”
md (EFE, ots)