SÃO PAULO, 11 SET (ANSA) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou nesta terça-feira (11) Fernando Haddad como candidato do PT à Presidência da República e, em carta a seus eleitores, pediu votos ao ex-prefeito de São Paulo. “Quero pedir, de coração, a todos os que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para presidente da República”, escreveu Lula.   

“De hoje em diante, Haddad será Lula para milhões de brasileiros”, completou.   

O documento foi lido pelo advogado e ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh durante ato em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba. Intitulada “Carta ao povo brasileiro”, a mensagem também reafirma que Lula é alvo de uma injustiça, que tem como objetivo tirá-lo da disputa presidencial. “Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4 a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos indeterminados”, disse o petista.   

Lula está preso na sede da Polícia Federal (PF) desde o dia 7 de abril. Ele foi impedido de concorrer á Presidência da República por ter sido impugnado na Lei da Ficha Limpa, após ser condenado, em segunda instância, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Hoje, no último dia do prazo dado pela Justiça Eleitoral, o PT confirmou Haddad como candidato no lugar do petista. “Eu sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo”, acrescentou Lula na carta. Durante a leitura do documento, estavam presentes: Haddad e sua esposa, Ana Estela Haddad; a nova candidata a vice, Manuela D’Ávila (PCdoB); a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR); a ex-presidente Dilma Rousseff; entre outros. Na carta, Lula ainda acusou o Poder Judiciário por “ação, omissão e protelação”. Ele alegou que o país foi privado de um “processo eleitoral com a presença de todas as forças políticas” e ressaltou que “negaram a decisão da ONU, desrespeitando o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que o Brasil assinou soberanamente”.   

“Cassaram o direito do povo de votar livremente. Agora querem me proibir de falar ao povo e até de aparecer na televisão. Me censuram, como na época da ditadura”, disse.   

“É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à Coligação “O Povo Feliz de Novo” a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente”, ressaltou o ex-presidente. Ex-ministro da Educação (2005-2012) e ex-prefeito de São Paulo (2013-2017), Haddad foi quem mais cresceu na última pesquisa do Datafolha, saltando de 4% para 9% e empatando tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).   

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O petista terá pouco menos de um mês para tentar herdar parte do capital eleitoral de Lula, que aparecia com quase 40% dos votos, principalmente no Nordeste. Com a substituição, Manuela D’Ávila, do PCdoB, passa a ser candidata a vice-presidente. (ANSA)


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