A pouco mais de um mês da eleição de 3 de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dedicou boa parte de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU a ataques à China, que já havia sido um de seus principais alvos na campanha de 2016.

Trump se pronunciou imediatamente após o discurso do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em uma sessão de debates realizada de forma inteiramente virtual em função da pandemia do novo coronavírus, a qual o líder americano atribuiu à China.

“Temos travado uma batalha feroz contra um inimigo invisível – o vírus da China – que tirou inúmeras vidas em 188 países”, disse Trump no início de sua fala. Em seguida, o presidente afirmou que é preciso “responsabilizar a nação que desencadeou essa praga no mundo”.

“Nos primeiros dias do vírus, a China bloqueou as viagens domésticas enquanto permitia voos para sair da China e infectar o mundo […] O governo chinês e a Organização Mundial da Saúde – que é virtualmente controlada pela China – declararam falsamente que não havia evidência de transmissão de humano para humano”, acrescentou.

Segundo Trump, a ONU deve responsabilizar o país asiático “por suas ações”. Mas o presidente não usou apenas a pandemia para atacar a China.

Em seu discurso, o magnata ainda acusou a segunda maior economia do planeta de despejar “milhões e milhões de toneladas de plástico e lixo nos oceanos a cada ano”, de praticar pesca predatória nas águas de outros países, de destruir recifes de corais e de “emitir mais mercúrio tóxico na atmosfera do que qualquer outra nação no mundo”.

Trump também se vangloriou do ataque que assassinou o general iraniano Qassem Soleimani, no início do ano, do recente acordo entre Kosovo e Sérvia e dos tratados de “paz” de Israel com Emirados Árabes Unidos e Bahrein, países que nunca estiveram em guerra.

“Esses acordos de paz inovadores são o alvorecer do novo Oriente Médio”, acrescentou. Trump não mencionou em seu discurso a onda de protestos contra a violência racial das polícias nos Estados Unidos, mas disse que o país é “líder em direitos humanos” e está “cumprindo seu destino de pacificador”.

O presidente ainda cobrou que a ONU se concentre nos “verdadeiros problemas do mundo”, o que inclui “terrorismo, opressão das mulheres, trabalho forçado, tráfico de drogas, sexual e humano, perseguição religiosa e limpeza étnica de minorias religiosas”, em mais um recado à China, acusada de oprimir a população uigure em Xinjiang. (ANSA).