Tem sido bastante frequentes estudos que apontam o surgimento do bolsonarismo como reação ao lulopetismo. De tanto dividir a sociedade entre “nós X eles”, identificando-se com o “nós”, lulopetistas abriram espaço para que
o “eles” fosse vinculado à imagem de Bolsonaro. É claro que para essa vinculação contribuíram decisivamente forças políticas que não foram capazes de se unir na eleição presidencial de 2018. Desunidas, deixaram a estrada livre para o paradoxal “outsider”, o “representante da nova política” que exercia há mais de duas décadas mandatos parlamentares.

Cientistas políticos e articulistas brasileiros advertem que o lulopetismo foi um dos principais fatores para o crescimento e a consolidação do bolsonarismo, ao lado do lavajatismo, do ímpeto de combater a corrupção e do amplo uso das redes sociais. A campanha do atual presidente da República foi pautada nisso. A vitória não veio dos votos bolsonaristas. Ela só foi possível em virtude dos antipetistas. Trata-se de parcela dos brasileiros que tentou levar ao segundo turno Alckmin, Meirelles, Amoêdo etc.

De 2018 até junho de 2021, muita coisa aconteceu. Os processos que culminaram na prisão de Lula foram anulados. A marca do combate à corrupção foi se apagando no governo federal. A pandemia deu ainda maior espaço para falas desastrosas na saída do Palácio da Alvorada. A ausência de sensibilidade com as famílias que perderam parentes veio, entre outras, na frase: “eu não sou coveiro”. Sobraram ofensas a jornalistas, ministros do STF e adversários políticos. O negacionismo fulminou a ciência. A teoria da conspiração e a desinformação como método aniquilaram a realidade. A bolha das redes sociais falou mais alto.

Os eleitores antipetistas do segundo turno de 2018 não seguirão mais a onda bolsonarista. Já viram o erro que cometeram

Os eleitores antipetistas do segundo turno de 2018 não seguirão mais a onda bolsonarista. Já viram o erro que cometeram. O governo Bolsonaro, embora ruim, não faz com que os antipetistas vejam Lula como alternativa para 2022. Essa parcela do eleitorado, ao menos até este momento, está assustada com o quadro que se delineia.

A repetição da polarização, agora na base Lula x Bolsonaro, favorece apenas os próprios candidatos. Os brasileiros que não se identificam com populismo e demagogia clamam por um nome alternativo. Repetir Lula ou Bolsonaro está longe de ser uma saída para o País. Felizmente, não é a única possibilidade. É preciso que a classe política ofereça uma candidatura que represente a ampla maioria de brasileiros que não se identifica com nenhum dos dois candidatos. Qual será esse nome? Renovar é preciso.