Em três dias, o Banco Central vendeu US$ 1,3 bilhão à vista ao mercado financeiro, para aumentar a oferta de moeda norte-americana às empresas brasileiras. A venda à vista é conjugada com leilão de swap cambial reverso, no qual o BC assume posição comprada em dólar e vendida em taxa de juros no mercado futuro. O saldo disso é que a posição cambial líquida do BC – que leva em conta as reservas, mas também as operações com swaps – não muda.

Após a operação de US$ 200,0 milhões de quarta-feira, o BC vendeu US$ 550,0 milhões na quinta e outros US$ 550,0 milhões na manhã de hoje.

Até o dia 29, o BC pretende ofertar diariamente US$ 550,0 milhões às instituições financeiras, para aumentar a disponibilidade de dólares no sistema. Isso porque, nos últimos meses, existe um movimento de procura por moeda à vista no Brasil, por parte de grandes empresas, para quitar dívidas no exterior.

Essas empresas estão pagando dívidas lá fora e tomando crédito no Brasil, em processo de “rolagem” de compromissos. Com os leilões diários, o BC busca evitar que a demanda maior pressione o dólar e cause distorções nos preços da moeda americana. Em agosto, até o momento, o dólar à vista subiu cerca de 7% em relação ao real.

Valor diretamente das reservas

O valor de US$ 1,3 bilhão negociado até agora sai diretamente das reservas internacionais do País, hoje na casa dos US$ 389 bilhões.

Apesar de o valor negociado ser pequeno em relação ao total das reservas, o BC montou uma estratégia para evitar que, com a venda de dólares à vista, haja redução no volume de recursos disponível para que o País enfrente uma eventual crise internacional.

Simultaneamente ao leilão de moeda à vista, o BC promoveu um leilão de swap cambial reverso – contrato ligado ao câmbio cuja negociação tem efeito equivalente à compra de dólares no mercado futuro.

Na quarta-feira, como foram vendidos apenas US$ 200,0 milhões no leilão à vista (US$ 200,0 milhões também na operação com swap reverso), o BC ainda realizou um leilão de swap cambial tradicional – equivalente à venda de dólares no mercado futuro – para completar a ação do dia.

Ao fazer as três operações nos últimos dias – venda de dólar à vista, swap reverso e swap tradicional – o BC viu as reservas internacionais diminuírem em US$ 1,3 bilhão em dois dias, mas sua posição em contratos de swap também foi reduzida no mesmo montante. As operações não representam injeção de liquidez nova, mas fazem parte da rolagem de contratos de swap cambial que vencem em 1º de outubro.

Até o dia 16 de agosto, a posição cambial líquida do BC estava em US$ 329,4 bilhões. Este é o valor que, na prática, o País tem à disposição para emergências. É o verdadeiro “seguro” contra crises externas. O valor é menor que o montante das reservas internacionais (de cerca de R$ 389,2 bilhões) justamente porque considera os swaps.

Na próxima segunda-feira, dia 26, o BC promoverá nova operação de venda de dólar à vista, com oferta de US$ 550,0 milhões, combinada com operação de swap cambial reverso.

As condições serão conhecidas na noite desta sexta-feira.